sábado, 21 de novembro de 2015

Estado Islâmico gasta US$ 15 milhões por mês com seu exército

Sob o impacto dos ataques em Paris, países do G20 se mobilizam para congelar as fontes de financiamento do grupo jihadista. Porém, na prática, sustar o fluxo de caixa de organizações terroristas não é nada fácil.
Sabe-se que a organização terrorista EI (Estado Islâmico) dispõe de recursos financeiros expressivos. O governo alemão estima que seu capital circule "entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões". No entanto, faltam informações confiáveis sobre como a organização se financia.
Ao contrário de organizações como a Al Qaeda, o EI não é simplesmente uma rede terrorista, mas funciona como um Estado. Ele detém o controle de regiões inteiras, inclusive sobre os recursos locais e a população. Por isso, sua dependência de fluxos financeiros estrangeiros é "basicamente pequena", afirma Berlim.
"O Estado Islâmico controla um território vasto, podendo, assim, gerar capital local e criar fluxos financeiros de que a Al Qaeda não dispunha", observa Reinhard Schulze, especialista em assuntos islâmicos da Universidade de Berna. Isso também dificulta os esforços internacionais para secar as fontes de financiamento dos terroristas.
Pelo menos os lucros com o contrabando de petróleo vão diminuindo devido ao preço do produto estar muito baixo. Mas também por, atualmente, haver maior controle na Turquia, no Iraque e nas regiões curdas, avalia a FATF (Financial Action Task Force), grupo de trabalho da OCDE voltado ao combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
No entanto, muito mais poderia ser feito. "Nós precisamos de melhores informações sobre a origem do petróleo, intermediários, compradores, transportadores, comerciantes e rotas de abastecimento", enumera a FATF.
Os ataques aéreos da coalizão militar liderada pelos EUA também reduzem o faturamento com o petróleo. Em meados deste ano, o governo federal alemão afirmava que as receitas do petróleo geram para o EI "no máximo 200 mil dólares por dia", ou 6 milhões de dólares por mês. No entanto, informações confiáveis são raras, também estando em circulação estimativas muito mais elevadas.

Receitas elevadas, custos elevados

Uma das principais fontes de renda do EI são os impostos e taxas cobrados nos territórios ocupados. Os moradores devem pagar "de 5% a 15% de seus salários", afirma o governo alemão. Também é arrecadado um imposto especial para residentes não muçulmanos, bem como taxas de energia, água, uso de imóveis, telecomunicações, tráfego e transporte de mercadorias.
A pressão militar sobre o EI exerce efeitos diretos sobre suas finanças. "Desde julho, o 'Estado Islâmico perde constantemente território e receitas. Isso também reduz a capacidade de pagar seus combatentes", aponta o relatório mais recente do provedor de informações americano IHS.
As estimativas sobre o tamanho das tropas do EI igualmente variam muito. No final de 2014, a agência de inteligência americana CIA calculava um total de 30 mil combatentes. Já o especialista em segurança Daveed Gartenstein-Ross, da Universidade de Georgetown, considera mais provável um contingente de 100 mil homens.
Manter um exército de tais proporções é caro. Segundo dados do governo federal alemão, combatentes comuns recebem um salário mensal entre US$ 400 e US$ 500 enquanto os comandantes ganham mais de US$ 3 mil. Mesmo nas estimativas mais cautelosas, chega-se rapidamente a US$ 15 milhões de dólares por mês, apenas para pagar os salários dos combatentes.
O governo alemão também possui informações de que a organização terrorista "é favorecida por financiadores privados dos Estados do Golfo. As doações são feitas, em parte, sob o manto de organizações de ajuda humanitária, mas também são coletadas abertamente". No entanto, o peso dessas doações para o EI parece ter diminuído.

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