sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Piauí está na rota nacional do tráfico de animais silvestres

AVES são as preferidas por cores, canto e pelo valor, afirma o Ibama

O tráfico de animais silvestres está entre as atividades ilícitas mais praticadas no mundo, atrás apenas do tráfico de armas, tráfico de drogas e tráfico de seres humanos, segundo a PF. No Brasil, o problema não é menor: o Ibama apreendeu, só até setembro deste ano, mais de 8,8 mil animais silvestres pelo país. Em 2009, o número ultrapassou os 31 mil.

A principal rota do tráfico de animais silvestres no Brasil começa na Região Nordeste, com a retirada de espécies da natureza, e segue até o grande mercado consumidor da fauna no país: a Região Sudeste. Segundo o Ibama, os estados onde ocorre a maior parte das capturas de animais são Maranhão, Bahia, Ceará, Piauí e Mato Grosso. Já os estados com o maior mercado consumidor são São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

"As principais 'fornecedoras' de animais para o tráfico são as pequenas populações ribeirinhas, em que há um elevado grau de pobreza. A falta de capacidade financeira, em épocas de estiagem, por exemplo, leva essa população a recorrer a outras formas de renda, como a venda de espécies disponíveis em sua região. Isso ocorre muito em assentamentos. Sem suporte, algumas pessoas recorrem ao tráfico como um meio de sobrevivência", afirma o coronel Angelo Rabelo, oficial da reserva da PM Ambiental, e coordenador do Curso de Estratégias para Conservação da Natureza, um programa de capacitação de oficiais.

Além da comercialização por intermédio de traficantes, a venda de animais também acontece em estradas pelo país, principalmente na Região Nordeste. "É comum a venda de tartaruguinhas e jiboias, levadas por turistas como 'lembranças'. Ainda assim, isso é minoria. O maior volume de animais é destinado ao tráfico. Os traficantes usam o conhecimento empírico dessas populações para aliciar essas pessoas.

Segundo o Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, 60% dos animais comercializados ilegalmente são para consumo interno, o chamado tráfico doméstico. Seguem para destinos internacionais 40% dos animais retirados da fauna brasileira. De acordo com Lima, a exportação ilegal de aves e peixes ornamentais é feita, principalmente, para a Europa. Na Ásia, o consumo majoritário é de répteis e insetos. Já na América do Norte, o mercado consome principalmente primatas, papagaios e araras.

No Brasil, de forma geral, as aves são as mais comuns em apreensões de tráfico. Segundo o Ibama, elas correspon-dem a 80% do total, sendo que destas, 90% são passeriformes, os pássaros, caracterizados pelo belo canto (curió, canário da terra, coleiros e trinca-ferro, por exemplo). Os psitací-deos (maioria papagaios, seguido de jandaias, periquitos e araras) representam 6% e as demais ordens de aves corres-pondem aos outros 4% das apreensões.

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