terça-feira, 25 de março de 2014

Gil Gomes: A trajetória de um mito,o maior repórter policial,foram mais 5 milhões de ouvintes.

Paulistano nascido e criado no bairro do Jabaquara,Gil Gomes, vendia balas e santinhos na porta de uma igreja, onde mais tarde foi aceito como congregado mariano.
Sofria de gagueira e para superá-la tentava imitar os locutores esportivos que ouvia pelo rádio. O método funcionou graças, segundo afirma, a sua força de vontade. Foi, então, convidado a ser locutor nas quermesses da igreja e descobriu que a comunicação era sua vocação. Abandonou assim a ideia de ser médico, como desejava seu pai.
Numa dessas quermesses recebeu aos 18 anos o convite para seu primeiro emprego na Rádio Progresso, como locutor esportivo. Na mesma função, passou por vários rádios da Capital e do interior paulistas até chegar à Rádio Marconi. Quando a Rádio Marconi parou de fazer coberturas esportivas, Gomes passou a integrar o departamento de jornalismo da emissora cuja chefia assumiu no final dos anos 60.
Na mesma rádio trabalhava Ana Vitória Vieira Monteiro (dramaturga, poetisa e escritora), com quem Gomes casou e teve três filhos, de um casamento que durou 14 anos, antes da separação: Guilherme Gil Gomes, Daniel e Vilma. Guilherme Gil Gomes o primeiro trabalhou com o pai até sua morte prematura, de hepatite C. O segundo filho o empreendedor de sucesso Daniel Gil Gomes ocupa o posto deixado vago pelo irmão, é casado e pai de três filhas. A terceira filha Vilma Gil Gomes é advogada, casada e mãe de um filho. Gil Gomes tem orgulho de ser amigo de sua ex-mulher, com a qual desenvolveram uma relação de respeito e amizade. Gil Gomes foi casado pela segunda vez com Eliana, com quem teve duas filhas: Flavia e Nataly.
Um incidente ocorrido em 1968 fez nascer acidentalmente o repórter policial Gil Gomes. Ele realizava entrevistas pelo telefone com políticos, quando tomou conhecimento que um caso de agressão sexual estava ocorrendo no edifício onde a rádio estava instalada. Num impulso, resolveu fazer a cobertura do caso ao vivo. Desceu as escadas do prédio com o microfone na mão, fazendo locução e entrevistando os envolvidos e as testemunhas.
A Rádio Marconi obteve uma audiência recorde com essa cobertura e Gil Gomes concluiu que um programa policial ao vivo era o caminho a seguir. Mas foi um caminho difícil, o regime militar não tolerava críticas ao trabalho da polícia. Para agravar a situação, a Rádio Marconi já era visada pelas autoridades por adotar, em seu noticiário, uma linha de oposição ao governo.
Várias vezes – mais de trinta, conforme afirma Gil Gomes – ele e sua equipe foram presos e a rádio retirada do ar. De todas as prisões, conseguiu se safar sem maiores consequências por conta de sua amizade com policiais. Quando a programação da rádio começou a sofrer censura prévia, Gomes narrava no ar historinhas infantis e receitas culinárias em substituição ao noticiário censurado.

Gil Gomes e seu gesto característico.
Nascimento 13 de junho de 1940 (73 anos)
São Paulo,  Brasil
Nacionalidade brasileira
Ocupação radialista, jornalista, bacharel em direito.
Em 1991 o SBT(Sistema Brasileiro de Televisão), rede comandada por Sílvio Santos, lançou o jornal diário Aqui Agora. Para se diferenciar do jornalismo sisudo e bem comportado da Rede Globo, Sílvio idealizou o Aqui Agora como um jornal popular no formato e na linguagem. Entre os convidados para integrar a equipe de locutores e repórteres do jornal estava Gil Gomes, que aparecia ao lado de Sônia Abrão, Celso Russomanno, Jacinto Figueira Júnior (o homem do sapato branco) e Wagner Montes, entre tantos outros.
Como o programa jornalístico dava ênfase a reportagens sobre acidentes graves e crimes de toda sorte, Gil Gomes teve um papel destacado. Foi no Aqui Agora que ele aprimorou o visual, a voz e o gestual que caíram no gosto do grande público e serviram de inspiração para os imitadores dos programas de humor.
Vestido invariavelmente com uma camisa de cores berrantes, como se tivesse sido comprada numa banca de camelô de um bairro popular, a mão direita empunhando o microfone e a esquerda gesticulando em horizontal como se alisasse o pelo de um cão, Gil Gomes narra os fatos diretamente da cena do crime com sua voz arrastada e grave, que cresce em volume nos momentos mais dramáticos. Usa frases curtas, que às vezes nem chega a completar. Nas entrevistas, não adota uma posição neutra: se emociona diante das vítimas e explode de indignação diante dos criminosos.


O Aqui Agora fez tanto sucesso que passou a ter duas edições diárias. Mas, com o aparecimento de concorrentes, foi perdendo audiência e saiu do ar em 1997. Alguns anos após, Gomes foi aproveitado no programa humorístico Escolinha do Barulho da Rede Record.
Em 1998 foi contratado pela TV Gazeta para ser repórter do Mulheres.
A Escolinha do Barulho foi ao ar em 1999 quando a Rede Globo deixou de apresentar a Escolinha do Professor Raimundo com Chico Anísio e dispensou diversos atores cômicos do elenco, que a Record resolveu contratar para fazer um programa semelhante. Como inovação, em vez de um único professor, a Escolinha do Barulho da Record teve quatro professores fixos, Dedé Santana, Miele, Benvindo Siqueira e Gil Gomes.
Gil Gomes apresentou um programa na Rádio Tupi.
Em 2004/05 foi repórter e apresentador do Repórter Cidadão na RedeTV!.
De 2007 a 2011 integrou o casting da Rádio Record de São Paulo.



FOTO: O FUXICO 
FOTO: O FUXICO
Neste domingo (23), estreou na Record o Domingo Show, atração comandada por Geraldo Luis na emissora.
Uma entrevista emocionante prendeu o telespectador: Gil Gomes, de 73 anos, contou um pouco de sua vida, sua doença e seu maior arrependimento.
Gil tem Mal de Parkinson e disse que sente muita saudade dos tempos em que conseguia falar mais e que podia trabalhar.
"Eu sinto saudade de falar. Agora sai tudo enrolado."
Durante a conversa com o radialista e repórter, que também fez sua marca no humor brasileiro quando interpretava um dos professores da extinta Escolinha do Barulho, da Record, Gil Gomes falou da quantidade de vezes que teve de noticiar mortes de pessoas comuns, principalmente quando estava no programa Aqui Agora, do SBT.

"Não sei quantas mortes eu narrei. Eu sei que, pelas minhas contas, a polícia esclareceu 600 crimes por conta de informações nossas. Eu estudava a pessoa, aquela pessoa não era só o criminoso, não era a vítima”.
Com o vício em apostas nas corridas de cavalos, Gil confessa ter perdido muito do dinheiro que ganhou enquanto radialista.
"Eu joguei muito. Fui a cassinos, comprei cavalos, fiz tudo que eu quis. Comprometeu a minha vida, mas não acabou com ela. Tive duzentos e cinquenta cavalos.Ganhei muito dinheiro. Tudo isso me comprometeu financeiramente, mas não acabou com a minha vida. Ajudei muita gente. Só não ajudei a mim mesmo. Morava numa casa no Morumbi que tive de me desfazer quando o Aqui Agora acabou. Também vi que o rádio tinha acabado para mim. Então, vendi. Não guardei dinheiro porque achei que não precisava e que não ficaria velho. Aliás, achava que trabalharia até o fim da minha vida".
Seu grande amor:
"Tive muitas mulheres, claro. Foram paixões. O único amor foi minha ex-mulher Eliana".
Sobre o Mal de Parkinson, Gil diz que tudo começou com a morte de seu filho, Guilherme. O jornalista estava no meio de uma das gravações da Escolinha do Barulho, na Record, quando recebeu a notícia de que o rapaz havia falecido. Mesmo assim, ele não parou a gravação e foi até o final.

"Foi a maior tristeza da minha vida. Meu médico acha que o Parkinson veio de um choque inicial que foi a morte do Guilherme por hepatite em 2000. Que é essa tremedeira, e essa voz. Sabe, eu era gago quando era pequeno e agora está voltando".
O único arrependimento de sua vida:

"Quando você vê um jovem criminoso olhar pra câmera e dizer: matei mesmo, matei, matei, matei. Eu queria colaborar com isso, para que não acontecesse mais. Mas falhei. É meu maior arrependimento", afirmou, referindo-se a sempre querer ter se tornado uma lenda em programas policiais.
Quase no final da matéria, Geraldo levou Gil ao local onde há anos foi mantido um dos maiores presídios de São Paulo, o Carandiru. Lá, Gil Gomes desabafou sobre a chacina que aconteceu no local, em 2 de outubro de 1992:
"Foram mais de 300 mortos e não 111. Isso é mentira. Estive aqui no dia seguinte ao massacre. O necrotério era minha segunda casa. Passei lá e em um primeiro momento não me deixaram entrar. Era um dia de eleição e estranhei. Fui ao bar o lado e ouvi um funcionário lamentando. Ele disse: 'Chegaram muitos corpos, mais de 300'. Me assustei ao ver cerca de 300 corpos. Eu comentei isso na viatura e a notícia se espalhou pela imprensa. Nunca ninguém me procurou para contar isso. Fui testemunha. Sabe por que nunca me chamaram? Porque nunca a verdade aparece neste país".
Gil pode rever suas filhas, vindas diretamente de Curitiba, após dois anos longe. A emoção tomou conta de todos, mas o durão e ao mesmo tempo sensível Gil disparou:
“Estou emocionado. Mas não vou chorar”.

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