O detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado pela acusação como testemunha, disse ao júri nesta terça-feira (20), segundo dia de julgamento do caso Eliza Samúdio, que ouviu "várias vezes" Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, dizer que jogou "as cinzas de Eliza às águas". Ele disse ainda que, ao perguntar o que Bola faria se o corpo da vítima fosse encontrado, o réu respondeu: "Só se os peixes falarem".
Em depoimento prestado à polícia, lido na íntegra durante a sessão, Oliveira diz ter ouvido a confissão de Bola sobre o crime. A testemunha disse que tempo depois foi ameaçada por um policial para retirar seu depoimento. "Sei de toda sua família", teria sido a ameaça. O detento afirmou à juíza que está preso na Penitenciária Nelson Hungria, recolhido na enfermaria por medida de segurança. "Disseram que sou cagueta. Corro risco de vida."
Bruno e os demais réus enfrentam júri popular por cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, em crime ocorrido em 2010. O júri é presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues e a previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas.
Jaílson Alves de Oliveira disse que ouviu Bola contar que não jogou a mão de Eliza para os cachorros e que não fez nada na casa dele, e sim, em um terreno. Ele afirmou ainda que Bruno teria armado um plano caso fosse condenado, dizendo que estava doente para ser resgatado a caminho do presídio.
A testemunha também afirmou que Cleiton Gonçalves não era motorista de Bruno, embora dirigisse veículos do goleiro. De acordo com a testemunha, Gonçalvesvendia drogas para Macarrão, apontado como chefe do tráfico em Ribeirão das Neves. "Eu já conhecia o Macarrão, o Cleiton e a mãe do Cleiton."
Risos no júri
Por duas vezes, Jaílson Alves de Oliveira arrancou risos do plenário. Primeiro, questionado pelo novo advogado de Bruno de por que era representado por um ex-defensor do goleiro, respondeu: "Eu sou cliente dele. Você não defende o seu?". Depois, ao explicar o apelido de Miyagi. "É por causa daquele lutador de caratê", disse à magistrada.
'Amarrada e chutada'
A primeira testemunha a ser ouvida pelo júri popular em Contagem foi João Batista, citado no depoimento de Cleiton Gonçalves, ex-motorista de Bruno. Batista disse que Gonçalves estava "com as mãos livres, sem algemas, bem à vontade" quando prestou depoimento para a polícia e que, perguntado se estava bêbado ou lúcido, respondeu "lúcido". Ele disse ainda que o ex-motorista do jogador não aparentava nenhum temor.
Fonte: G1
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