Testes da vacina contra zika, em desenvolvimento pelo Instituto Evandro Chagas e pela Universidade Medical Branch, dos EUA, devem começar a ser feitos em animais a partir de novembro. “Conseguimos acelerar o cronograma em alguns meses, em parte por causa dos ganhos na tecnologia, em parte por sorte”, afirmou o diretor do instituto, Pedro Vasconcelos.
A previsão inicial era que essa etapa seria concluída somente em fevereiro de 2017. Se não houver problemas ao longo do caminho, avalia, em fevereiro já será possível iniciar os testes da vacina em voluntários humanos. Os estudos em voluntários seriam feitos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amapá, Estados que não registram até o momento a circulação do zika.
A vacina em desenvolvimento em parceria com a Universidade Medical Branch é feita a partir de partículas do vírus atenuado. A meta é fazer mutações no genoma do vírus para que ele perca sua capacidade de produzir a doença mas, ao mesmo tempo, ele seja reconhecido pelo organismo para que anticorpos sejam produzidos.
Vasconcelos integra o Comitê de Emergência para Zika e Microcefalia da Organização Mundial da Saúde. Na próxima reunião do grupo, nos dias 6 e 7, o diretor do Instituto Evandro Chagas vai apresentar uma proposta para que prazos de realização de testes das vacinas de zika, sejam encurtados. “Vivemos uma situação especial. Já houve o precedente do ebola. Podemos ser mais rápidos sem abrir mão da segurança.”
Depois de testes em animais (primatas e camundongos), análises são feitas sobre efeitos da vacina em humanos. Na primeira fase, é avaliada a segurança do produto. Geralmente, ela é feita em cerca de 300 voluntários, todos saudáveis, que residam em regiões sem a circulação do vírus. Essa etapa geralmente leva cerca de um ano. Vasconcelos vai sugerir que o prazo seja reduzido para um período que varie entre três e seis meses.
Na fase dois, o objetivo é avaliar a capacidade de a vacina produzir a imunidade no organismo. Nesta etapa, o teste é feito geralmente em cerca de 2 mil pessoas. Os efeitos são avaliados por um período de até dois anos. Vasconcelos vai sugerir que a análise seja feita num prazo que varie entre seis meses e um ano. Na terceira fase, em que se analisa a eficácia da vacina, ela é testada em cerca de 30 mil pessoas. O tempo desta etapa, afirma Vasconcelos, também pode ser reduzido de forma significativa.
Fonte: Estadão
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