terça-feira, 1 de setembro de 2015

Quando o pouco que temos não serve pra nada.

#Artigodahora

Digo dessa forma pra explicar até onde chega a falta de criatividade e espírito público da nossa comunicação em Parnaíba. Essa comunicação que tanto privilegia o instantâneo e a exclusividade, mas que se esquece da qualidade daquilo que leva pra dentro das casas e dos locais de trabalho de milhares de pessoas. Essa comunicação que pouca importância dá pra quem é dirigida e muito menos para pra observar os efeitos danosos daquilo que produz todo santo dia.
Vou ilustrar com um fato. Nesse domingo, um funcionário do Cemitério da Igualdade, no centro de Parnaíba, chegando ao seu lugar de trabalho se deparou com uma cena deprimente e revoltante. O cadáver despido de uma senhora idosa que havia sido sepultado no dia anterior.  As primeiras investigações policiais apontaram que o corpo havia sido violentado sexualmente. E mais grave é que essas investigações apontaram pra um homem de quase 40 anos e funcionário daquele cemitério. Com a continuidade das investigações acabaram o inocentando.
Mas não é o amiudamento desse fato o motivo de minhas considerações. O que me surpreende neste exato momento é a falta de criatividade e esclarecimentos de nossa imprensa parnaibana, principalmente a de televisão. Estive assistindo a todos os noticiosos televisivos de Parnaíba nessas últimas 24 horas e não vi e nem senti nenhuma disposição de se levar mais esclarecimentos de profissionais qualificados sobre este dito distúrbio de comportamento, entre estes. a necrofilia.

Muito pelo contrário. A televisão parnaibana preferiu o lado sensacionalista do ocorrido. Mas até agora tem sido incapaz de levar pra bancada de estúdio ou gravar uma entrevista com algum pedagogo, psiquiatra ou psicólogo. Estes profissionais certamente sabem explicar direitinho essas variações de comportamento, perfil, quem é mais vulnerável, particularidades e situações especiais. Independente de se noticiar este caso especial a televisão prestaria um grande favor à população.
Não.  A televisão de Parnaíba, e aí nesse caso eu aponto o dedo pras duas, tratou única e exclusivamente o fato como uma ocorrência policial simples, mas espetaculosa. Porque pelo que se depreende neste momento é que povo só tem de saber aquilo que não tem qualidade. Quanto de pior valor moral, melhor pra ele povo. Este é o princípio da democracia da comunicação desses que estão ultimamente no poder. Porque ao que parece a televisão parnaibana está contratada única e exclusivamente para dar relevo a ações menores de políticos. Algumas de início até interessantes, mas grosso modo, medíocres.

Outras, sendo vistas pela experiência de profissionais qualificados, não dariam uma nota de cinco linhas! Era a hora agora da televisão parnaibana, atualmente tão carregada nos seus quadros de pedagogos, psicólogos, bacharéis nisso e mais aquilo e outros que se arvoram como tais, que privilegiasse a qualidade do que leva ao ar todos os dias a começar por esclarecer à população, de forma científica e não apenas policial este infeliz episódio do domingo.
  

Pádua Marques
Jornalista e Escritor 

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