Empresários do turismo querem investir pra oferecer melhores serviços, mas o governo não deixa.
Barra Grande no município de Cajueiro da Praia no litoral piauiense. |
Quando eu era menino, meu pai quando não se conformava com esta preguiça, esta falta de iniciativas que atrasavam ou dificultavam alguma coisa aqui na Parnaíba, costumava dizer que aqui tudo era do rabo pra cabeça. Meu pai não tinha caroços na língua e dizia que, se fosse jornalista só haveria de viver preso. Meu pai nunca se conformou com esse descaso, esta falta de compromisso de nossos políticos. Essa mania miserável de, sempre o governo, pela sua burocracia, colocar areia, pedra de fogo na rua e cachorro morto no terreno ao lado e no caminho de quem gosta de trabalhar.
Uma ocorrência por aqui nesse final de semana me chamou a atenção. Empresários do ramo de turismo e hotelaria de Barra Grande, lá na ponta da coroa do Piauí, no filé mignon da pequena faixa de litoral de 66 quilômetros, foram até o Ministério Público reclamar da cobrança pelas alturas, pela hora da morte, de taxas pra desenvolverem suas atividades. E não era pouca gente não, coisa de uns dois ou três. Eram vinte e cinco empresários fulos de raiva e com as mãos da cabeça. Querem investir pra oferecer melhores serviços, mas o governo não deixa.
Estavam tentando explicações pra entender esse abuso amparado numa burocracia desgraçada que, ao invés de ajudar a iniciativa privada, faz tudo e mais um pouco pra criar dificuldades. E não tem até onde me chega o entendimento, quem me consiga convencer da necessidade de tanta gana por parte do Governo Federal e do Serviço do Patrimônio da União, órgão ligado ao Ministério do Planejamento e Gestão da Presidência da República.
Os empresários, numa atividade que agora é que está colocando os pés no chão aqui no Piauí, reclamam da cobrança de taxas de ocupação que alcançam os 1200% e que em dinheiro oscilam entre R$ 500 e R$ 800 mil. É dinheiro que dá pra fazer um castelo de Windsor ou uma Casa Branca! Agora pode uma coisa, um absurdo desses? Aqui quando não é oito, é oitocentos! E nessa altura do dia temos um governo estadual perdido, sem projetos, sem gente experiente, gente com capacidade de gerenciamento de grandes obras.
Eu fico aqui, como diria minha mãe, "caturando" de luz acesa uma explicação pra tanta falta de compromisso e iniciativa desse governo de Wellington Dias. Principalmente naquelas áreas onde deveria dar mais importância. Eu não vejo, eu não encontro na equipe desse governador um auxiliar que seja, exceção de Rafael Fonteles, secretário da Fazenda, com experiência empresarial, que venha com sucesso da iniciativa privada e possa trazer essa experiência pra dentro do governo.
Aeroporto Internacional Dr. João Silva Filho, Parnaíba |
Já está esse governo em mais da metade dessa missa, que nunca termina, e até agora ninguém viu o sacristão preparando o sacramento da hóstia. Mas na hora do saco da esmola, o maldito saco do imposto, aquele que corre de ponta a ponta e com um palmo de boca aberta, a coisa anda rápido e já está lá na porta da igreja! E agora me vem essa, de uma empresa aérea regional desconhecida, sem peso no mercado, inaugurando a rota Teresina-Parnaíba duas vezes na semana. E se servindo da estrutura de um aeroporto até bem parecido. Veja só no que deu o fantasioso aeroporto internacional de Parnaíba, aquele que receberia voos charters vindos da Europa!
É mais um ensaio de orquestra sinfônica sem data pra o concerto e que no final acaba é num forró puxado por um triângulo, uma sanfona e uma zabumba. Como sempre tem acontecido nos últimos anos. Muita fantasia. Algumas promessas sem as mínimas condições de serem cumpridas.
E mais uma vez eu recordo meu pai, quando vejo aqueles homens rudes tratando os peixes no mercado. Com aquele pedaço de madeira e cheio de pregos, do tamanho de um tamanco ou de uma palmatória, eles vão escamando e depois limpando os peixes. Assim, com força e firmes, do rabo pra cabeça. Até onde eu pude perceber, é o único serviço do rabo pra cabeça que tem dado certo.
http://parnaibanomundo.blogspot.com.br/2016/06/o-gravador-de-juruna-e-o-celular-de.html
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Por Pádua Marques - Jornalista, escritor
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