Kleber Kruger chama estudantes de
“viados” e defende o fechamento de “cursos de gente colorida” e
“formadores de bichonas”. Petição online exige sua demissão. Professor
se diz arrependido.
Publicação feita pelo professor da UFMS no Facebook |
Um professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) causou
polêmica ao publicar, em seu perfil do Facebook, uma mensagem em que
chama os homossexuais de “viados” e defende o fechamento de “cursos de
gente colorida” e “formadores de bichonas”.
O texto, publicado na última sexta-feira (24), já foi retirado da
página. Nele, Kleber Kruger, 24, professor substituto do curso de
ciência da computação e sistemas de informação, critica pichações feitas
em paredes da universidade, que fica em Campo Grande.
“Hoje cheguei na Federal e encontrei algumas paredes dos cursos de
computação e engenharia pichadas com frases como: ‘O amor homo é lindo’,
‘Homosexualismo é lindo!’, ‘Fora machismo’… aaah, se fu***, seus viados
fila da p***!!!”, diz o texto publicado pelo professor.
Na mensagem, Kleber diz que “tá na moda defender homossexualismo” e que a
onda de raiva aos homossexuais é provocada por eles mesmos. Em um
comentário na própria postagem, o professor considera que a pichação das
paredes da universidade foi uma “provocação”. “Depois eles tomam uma
surra, morre um viado lá no Campus, sai no jornal e pronto!”, finaliza.
O jornalista Guilherme Cavalcante, 27, que é aluno de mestrado na UFMS,
afirma que ficou surpreso ao ler o texto e considera que a mensagem
publicada por Kleber revela despreparo do professor. “Espero que ele
reflita sobre o que falou, que entenda que o mundo é diverso e que o
professor também tem uma função social”.
Demissão
Na internet, uma petição virtual recolhe assinaturas para pressionar a
UFMS a demitir o professor, que tem um contrato temporário com a
instituição. O documento, direcionado à reitora Célia Maria Silva Correa
Oliveira, alega que “nenhum estudante gay deve continuar a ser
submetido ao constrangimento de ter aulas e de ser avaliado por pessoa
homofóbica”.
A petição pede o afastamento do profissional e substituição “por um
professor mentalmente equilibrado”. O documento virtual foi criado no
domingo (26) e já foi assinado por 318 pessoas.
A assessoria de comunicação da UFMS informou que o conteúdo da mensagem
publicada pelo professor será analisado pela administração superior, que
vai decidir se abre um procedimento administrativo ou encaminha o caso
para a comissão de ética da universidade.
As penalidades vão desde uma advertência até o rompimento do contrato e
afastamento do professor. Não há prazo definido para a conclusão dessa
análise.
Arrependimento
O professor disse que está arrependido e que lamenta o que considera ter
sido um “mal entendido”. “Foi um momento em que não pensei para falar.
Estou envergonhado e muito arrependido”.
Kleber explicou que a mensagem foi um desabafo pessoal contra as pessoas
que picharam as paredes da universidade e comparou os xingamentos às
reações de torcedores que agridem verbalmente os adversários. “É como se
eu, que sou são paulino, xingasse um corintiano depois de perder um
jogo”.
Kleber também fez questão de deixar claro que não fez o comentário como
professor da UFMS e garantiu não ter preconceito contra homossexuais.
“Sei de pessoas que sofrem muito com isso, que têm pais que não
aceitam”.
Surpreso com a repercussão causada pelo texto, o professor disse que, se
tivesse oportunidade, pediria desculpas às pessoas que se sentiram
ofendidas.
UOL
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