Uma
árvore, um país. É por causa desta espécie que somos chamados de
brasileiros. O pau-brasil é a única planta que batizou uma nação. Agora,
ela nos surpreende mais uma vez. A madeira vermelha que fez história
também pode guardar substâncias poderosas contra o câncer. Tão simbólica
e tão ameaçada, por pouco não desapareceu de nossas florestas. Está na
lista das mais ameaçadas de extinção.
Folhas
miúdas, tronco cheio de espinhos, vagens e flores. Pouca gente teve a
oportunidade de ver de perto essa árvore histórica. Em Glória do Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco, uma fundação tenta divulgar e multiplicar esta espécie. O local recebe estudantes cheios de curiosidade.
Em
um museu é possível conhecer cada detalhe do pau-brasil. Dentro do
tronco está a maior riqueza da árvore. O miolo é bem vermelho, da cor de
brasa, daí vem o nome: brasil. E este era o motivo da cobiça dos
colonizadores. A árvore fornecia um corante que tinha muito valor
comercial na época.
O
corante é extraído com muita facilidade. Basta colocar pequenas lascas
da madeira na panela com água fervendo. Mas onde reis e nobres só viam
tinta vermelha, o olhar curioso do povo descobriu remédios.
"Popularmente
se diz que o pau-brasil é um bom adstringente e cicatrizante. Algumas
pessoas do mato usam o chá da entrecasca para curar asma”, diz Ana
Cristina Roldão, presidente da Fundação Nacional do Pau Brasil.
O
uso popular foi uma boa pista para os cientistas. Eles revolveram
estudar melhor as duas substâncias que produzem o corante: a brasileína e
a brasilina.
Da
Mata Atlântica para o laboratório de antibióticos da Universidade
Federal de Pernambuco, os pesquisadores descobriram que o pau-brasil
pode ser um grande aliado no tratamento contra o câncer. Os estudos
começaram em 1996. Cada pedacinho da árvore foi analisado.
“Já
estudamos flor, folha, caule, cerne, semente e raiz, que será a última
etapa da pesquisa do pau-brasil", detalha a pesquisadora Ivone Souza, da
UFPE. "O pau-brasil apresenta propriedades farmacológicas muito
interessantes. Chamou a atenção para a redução de tumores experimentais.
Tanto carcinomas como sarcomas."
Os
experimentos feitos com camundongos já surpreenderam. "Todos os animais
tratados tiveram a redução do tumor", revela a pesquisadora Elisângela
Silva. "Nós tivemos redução de 60% a 80% para sarcoma e de 60% a 90%
para carcinoma. São cânceres agressivos. São linhagens de camundongos,
não são linhagens humanas, mas são bem agressivas, especialmente
carcinoma, que foi para o qual ele teve melhor atividade."
O
resultado é notável, dizem os especialistas. "Dá para afirmar
categoricamente que ele tem atividade anti-inflamatória e uma atividade
muito forte na redução de tumores. Merece toda a atenção e todo o
estudo", conclui.
FONTE: G1
FONTE: G1
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