segunda-feira, 15 de setembro de 2014

INTERLOCUTOR se propõe a contar tudo sobre os 180 mil


Quando a equipe do 180 estava deixando o município de Barreiras, localizado a 890 quilômetro de Salvador, na Bahia, um emissário chegou com uma proposta vinda de uma terceira pessoa muito próxima de - mas até então desconhecida para - Paulo Fernando de Sousa. O jovem que acompanhava o primo e o tio do senador Wellington Dias (PT) no transporte de R$ 180 mil em dinheiro vindos de Brasília ao Piauí e que foi o único a ser preso e ficar na delegacia abandonado.
O recado repassado aos dois jornalistas do 180 foi claro. “Olha”, iniciou o mensageiro, “ele”, a terceira pessoa, “disse que sabia de tudo, mas que não podia passar nada de graça. Disse que haveria de ter uma contrapartida. Ele disse assim, ô: o ‘home’ está nas minhas mãos. Se eles quiserem, se conta tudo”, finalizou. A pessoa que mandou o recado, através do mensageiro, dava a entender que sabia de onde vinha o dinheiro, qual o destino final e a quem seria entregue.
NOTAS DE R$100 NOVINHAS SOMENTE ADVINDAS DO COMÉRCIO DE BEBIDAS?
Ainda na noite da quinta-feira, o 11 de setembro do PT do Piauí, quando o primo do candidato ao governo Wellington Dias (PT), José Martinho Ferreira de Araújo foi levado ao Complexo de Polícia de Barreiras junto com a quantia de origem desconhecida de R$ 180 mil, ele foi indagado por um dos advogados que atuavam na causa dos transportadores sobre “qual a origem do dinheiro?”. Martinho a princípio não respondeu.
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Ao insistir na pergunta, alegando que era um dos advogados que estava defendendo o grupo acusado, Martinho respondeu que o dinheiro era referente ao que arrecadava em seu comércio, do qual seria cotista, uma empresa no ramo de bebidas. Daí veio o seguinte questionamento: como um comércio de bebidas só recebe cédulas de R$ 100 reais novinhas em folha? Não houve respostas convincentes.
Já à Polícia Civil, ainda antes de prestar depoimento oficial e se reservar ao direito de ficar calado, Martinho disse que “não lembrava” de quem havia recebido o dinheiro. Ora, mas se ele havia afirmado à Polícia Rodoviária Federal que o dinheiro era dele e seria utilizado na compra de uma fazenda, como não se lembrava mais de nada? Até quem ganha míseros R$ 15 reais através de um concurso na loteria federal como a LOTOMANIA nunca esquece. Como esquecer R$ 180 mil assim do nada? Para alguns, o dinheiro faria gente lembrar até de antepassados do ‘presenteador’.
LULA JÁ CHEGOU A DIZER QUE CAIXA DOIS É “COMUM”O certo é que no dia 7 de setembro, a empresa PROSEGUR fez o transporte do valor que acabou por chegar nas mãos de Martinho, foi alocado debaixo do banco de um Pálio Weekend e acabou por deflagrar as acusações de que o dinheiro seria usado na campanha de Caixa 2 do PT. O dinheiro, suspeita a Polícia, seria doação de campanha não contabilizada. Algo que o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao ver o PT pego no mensalão, disse “ser comum” no Brasil e “todo mundo faz Caixa 2”.
ELE TAMBÉM SABE TUDO, SÓ NÃO QUER FALAR ... AINDA
Ao 180, em uma rápida conversa, o jovem Paulo Fernando de Sousa disse que o destino final do trio seria Floriano, mas se negou a dizer para quem seria repassada a quantia. Ocorre que antes, em depoimento à Polícia Civil, no entanto, declarou que o seu ex patrão iria utilizar o valor para “fazer um negócio” com umas terras em Oeiras. Já Martinho, o ex patrão, disse que a compra de terras seria em São Miguel do Fidalgo. Como se vê muitas contradições.
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No sábado (13), o advogado Roberto Carlos Lopes Barreto informou ao 180 por telefone que conseguiu junto à Justiça Federal a liberdade provisória de Paulo Fernando de Sousa por volta de umas 17horas. Uma irmã dele estava vindo de Águas Lindas, no Goiás, para acompanha-lo a “destino incerto”. O 180, no entanto, está de posse de todas as informações que podem levar até o jovem. No momento também vai preservar a identidade do proponente do ‘acordo financeiro’.
CADÊ A PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL DO PIAUÍ?A falta de um representante da Procuradoria Regional Eleitoral do Piauí em Barreiras pode atrapalhar a apuração detalhada dos fatos, e fazer com que muitos detalhes importantes e provas fiquem perdidos - elos que só nos primeiros momentos são possíveis notar, ainda que a Polícia Federal detecte a origem do dinheiro. Os advogados ligados à Coligação a Vitória com a Força do Povo estão tentando afastar o senador Wellington Dias da quantia de R$ 180 mil, e tentando separar o caso de José Martinho Ferreira de Araújo do caso do jovem Paulo Fernando de Sousa, preso por portar um documento falsificado.
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Mas Paulo Fernando de Sousa, que mora num perigoso município do interior de Goiás, entorno de Brasília, é ex-funcionário do primo do candidato ao governo Wellington Dias. Estava desempregado e foi chamado para missão do transporte. Uma viagem de Brasília ao Piauí, feita de carro, é cansativa, e poucos conseguem fazê-la de forma direta. Alguém precisava ‘quebrar um galho’ assumindo o volante de vez enquando, já que o outro passageiro que integrava o trio de viajantes era um senhor de 80 anos, pai de Martinho, e como ele mesmo disse, estava operado de cataratas. Mesmo assim o advogado de Paulo Fernando disse que se o jovem preso “sabe alguma coisa ficou para ele”.
AS 7 PERGUNTAS QUE JOSÉ MARTINHO NÃO RESPONDEU
Durante seu depoimento perante a Polícia Civil, José Martinho se utilizou do seu direito constitucional de permanecer em silêncio e só responder em Juízo. Abaixo a lista de perguntas que foram feitas ao motorista de Wellington Dias e ficaram sem respostas.
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a – “O que tem o interrogado a alegar em sua defesa das acusações que lhe pesam de estar transportando em seu veículo a quantia de R$ 180 mil em espécie?”
b – “Para onde o interrogado estava levando o citado dinheiro e para que seria entregue?”
c – “Como a citada quantia chegou às suas mãos e em qual cidade?”
d – “O interrogado sempre transportou quantia tão suntuosa para o seu estado natal?”
e – “O interrogado está em gozo de férias, saiu de qual cidade e qual seria o seu destino?”
f – “O interrogado é servidor público concursado ou comissionado?”
g – “Qual o cargo exercido pelo interrogado no Senado Federal e para quem trabalha e há quanto tempo trabalha?”
Embora algumas perguntas tenham sido feitas juntas, ao todo foram coincidentes 13 questionamentos que José Martinho se recusou a responder à Polícia.
REPÓRTERES: Manoel José e Rômulo Rocha – Direto de Barreiras (BA)
Publicado Por: Manoel José

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