Quando a equipe do 180 estava deixando o município de Barreiras, localizado a 890 quilômetro de Salvador, na Bahia, um emissário chegou com uma proposta vinda de uma terceira pessoa muito próxima de - mas até então desconhecida para - Paulo Fernando de Sousa. O jovem que acompanhava o primo e o tio do senador Wellington Dias (PT) no transporte de R$ 180 mil em dinheiro vindos de Brasília ao Piauí e que foi o único a ser preso e ficar na delegacia abandonado.
O recado repassado aos dois jornalistas do 180 foi claro. “Olha”, iniciou o mensageiro, “ele”, a terceira pessoa, “disse que sabia de tudo, mas que não podia passar nada de graça. Disse que haveria de ter uma contrapartida. Ele disse assim, ô: o ‘home’ está nas minhas mãos. Se eles quiserem, se conta tudo”, finalizou. A pessoa que mandou o recado, através do mensageiro, dava a entender que sabia de onde vinha o dinheiro, qual o destino final e a quem seria entregue.
NOTAS DE R$100 NOVINHAS SOMENTE ADVINDAS DO COMÉRCIO DE BEBIDAS?
Ainda na noite da quinta-feira, o 11 de setembro do PT do Piauí, quando o primo do candidato ao governo Wellington Dias (PT), José Martinho Ferreira de Araújo foi levado ao Complexo de Polícia de Barreiras junto com a quantia de origem desconhecida de R$ 180 mil, ele foi indagado por um dos advogados que atuavam na causa dos transportadores sobre “qual a origem do dinheiro?”. Martinho a princípio não respondeu.
Ainda na noite da quinta-feira, o 11 de setembro do PT do Piauí, quando o primo do candidato ao governo Wellington Dias (PT), José Martinho Ferreira de Araújo foi levado ao Complexo de Polícia de Barreiras junto com a quantia de origem desconhecida de R$ 180 mil, ele foi indagado por um dos advogados que atuavam na causa dos transportadores sobre “qual a origem do dinheiro?”. Martinho a princípio não respondeu.
Ao insistir na pergunta, alegando que era um dos advogados que estava defendendo o grupo acusado, Martinho respondeu que o dinheiro era referente ao que arrecadava em seu comércio, do qual seria cotista, uma empresa no ramo de bebidas. Daí veio o seguinte questionamento: como um comércio de bebidas só recebe cédulas de R$ 100 reais novinhas em folha? Não houve respostas convincentes.
Já à Polícia Civil, ainda antes de prestar depoimento oficial e se reservar ao direito de ficar calado, Martinho disse que “não lembrava” de quem havia recebido o dinheiro. Ora, mas se ele havia afirmado à Polícia Rodoviária Federal que o dinheiro era dele e seria utilizado na compra de uma fazenda, como não se lembrava mais de nada? Até quem ganha míseros R$ 15 reais através de um concurso na loteria federal como a LOTOMANIA nunca esquece. Como esquecer R$ 180 mil assim do nada? Para alguns, o dinheiro faria gente lembrar até de antepassados do ‘presenteador’.
LULA JÁ CHEGOU A DIZER QUE CAIXA DOIS É “COMUM”O certo é que no dia 7 de setembro, a empresa PROSEGUR fez o transporte do valor que acabou por chegar nas mãos de Martinho, foi alocado debaixo do banco de um Pálio Weekend e acabou por deflagrar as acusações de que o dinheiro seria usado na campanha de Caixa 2 do PT. O dinheiro, suspeita a Polícia, seria doação de campanha não contabilizada. Algo que o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao ver o PT pego no mensalão, disse “ser comum” no Brasil e “todo mundo faz Caixa 2”.
ELE TAMBÉM SABE TUDO, SÓ NÃO QUER FALAR ... AINDA
Ao 180, em uma rápida conversa, o jovem Paulo Fernando de Sousa disse que o destino final do trio seria Floriano, mas se negou a dizer para quem seria repassada a quantia. Ocorre que antes, em depoimento à Polícia Civil, no entanto, declarou que o seu ex patrão iria utilizar o valor para “fazer um negócio” com umas terras em Oeiras. Já Martinho, o ex patrão, disse que a compra de terras seria em São Miguel do Fidalgo. Como se vê muitas contradições.
Ao 180, em uma rápida conversa, o jovem Paulo Fernando de Sousa disse que o destino final do trio seria Floriano, mas se negou a dizer para quem seria repassada a quantia. Ocorre que antes, em depoimento à Polícia Civil, no entanto, declarou que o seu ex patrão iria utilizar o valor para “fazer um negócio” com umas terras em Oeiras. Já Martinho, o ex patrão, disse que a compra de terras seria em São Miguel do Fidalgo. Como se vê muitas contradições.
No sábado (13), o advogado Roberto Carlos Lopes Barreto informou ao 180 por telefone que conseguiu junto à Justiça Federal a liberdade provisória de Paulo Fernando de Sousa por volta de umas 17horas. Uma irmã dele estava vindo de Águas Lindas, no Goiás, para acompanha-lo a “destino incerto”. O 180, no entanto, está de posse de todas as informações que podem levar até o jovem. No momento também vai preservar a identidade do proponente do ‘acordo financeiro’.
CADÊ A PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL DO PIAUÍ?A falta de um representante da Procuradoria Regional Eleitoral do Piauí em Barreiras pode atrapalhar a apuração detalhada dos fatos, e fazer com que muitos detalhes importantes e provas fiquem perdidos - elos que só nos primeiros momentos são possíveis notar, ainda que a Polícia Federal detecte a origem do dinheiro. Os advogados ligados à Coligação a Vitória com a Força do Povo estão tentando afastar o senador Wellington Dias da quantia de R$ 180 mil, e tentando separar o caso de José Martinho Ferreira de Araújo do caso do jovem Paulo Fernando de Sousa, preso por portar um documento falsificado.
Mas Paulo Fernando de Sousa, que mora num perigoso município do interior de Goiás, entorno de Brasília, é ex-funcionário do primo do candidato ao governo Wellington Dias. Estava desempregado e foi chamado para missão do transporte. Uma viagem de Brasília ao Piauí, feita de carro, é cansativa, e poucos conseguem fazê-la de forma direta. Alguém precisava ‘quebrar um galho’ assumindo o volante de vez enquando, já que o outro passageiro que integrava o trio de viajantes era um senhor de 80 anos, pai de Martinho, e como ele mesmo disse, estava operado de cataratas. Mesmo assim o advogado de Paulo Fernando disse que se o jovem preso “sabe alguma coisa ficou para ele”.
AS 7 PERGUNTAS QUE JOSÉ MARTINHO NÃO RESPONDEU
Durante seu depoimento perante a Polícia Civil, José Martinho se utilizou do seu direito constitucional de permanecer em silêncio e só responder em Juízo. Abaixo a lista de perguntas que foram feitas ao motorista de Wellington Dias e ficaram sem respostas.
Durante seu depoimento perante a Polícia Civil, José Martinho se utilizou do seu direito constitucional de permanecer em silêncio e só responder em Juízo. Abaixo a lista de perguntas que foram feitas ao motorista de Wellington Dias e ficaram sem respostas.
a – “O que tem o interrogado a alegar em sua defesa das acusações que lhe pesam de estar transportando em seu veículo a quantia de R$ 180 mil em espécie?”
b – “Para onde o interrogado estava levando o citado dinheiro e para que seria entregue?”
c – “Como a citada quantia chegou às suas mãos e em qual cidade?”
d – “O interrogado sempre transportou quantia tão suntuosa para o seu estado natal?”
e – “O interrogado está em gozo de férias, saiu de qual cidade e qual seria o seu destino?”
f – “O interrogado é servidor público concursado ou comissionado?”
g – “Qual o cargo exercido pelo interrogado no Senado Federal e para quem trabalha e há quanto tempo trabalha?”
Embora algumas perguntas tenham sido feitas juntas, ao todo foram coincidentes 13 questionamentos que José Martinho se recusou a responder à Polícia.
REPÓRTERES: Manoel José e Rômulo Rocha – Direto de Barreiras (BA)
Publicado Por: Manoel José
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