sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Aluno nota 1.000 revela fórmula para uma boa redação

Bruno Monteiro pretende cursar economia e direito em Minas Gerais, onde conseguiu a 1ª colocação na PUC
O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) está disponível para consulta desde ontem, mas os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgados esta semana ficaram abaixo do esperado em relação ao ano passado. A começar pela redação: a quantidade de provas com nota zero aumentou em relação a 2015 - 53 mil participantes contra mais de 84 mil em 2016 - e apenas 77 estudantes no País atingiram a nota máxima, 1.000 pontos.

Entre eles está o estudante recifense Bruno Monteiro, 17 anos, que pretende sair de Pernambuco para cursar economia e direito em Minas Gerais, onde passou em 1º lugar na Pontifícia Universidade Católica.
A redação, ele acredita, é a chave do Enem. “Ela não tem alternativas para marcar. É o fator que mede melhor o conhecimento do aluno, porque é você por você”, resumiu. “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” e “Caminhos para combater o racismo no Brasil” foram os temas da primeira e segunda aplicações da prova, respectivamente. Bruno respondeu o primeiro deles e considera que o desempenho tem uma origem clara.
“Nunca fui bom em me manter no conhecimento comum. Sempre tentava, a partir de uma questão, pensar nas próprias causas, ser original na argumentação. É tentar pensar por si mesmo. No 2º ano, fiz Enem e tirei 780 na redação. Uma coisa que fiz muito desde então foi treinar. Fazia duas por semana. Mas também não adiantava fazer quando era somente por obri-gação. A obrigação inibe a criatividade”, contou.
Dos 6,1 milhões de candidatos do Enem 2016, a maioria (31.75%) tirou entre 501 a 600 pontos na redação. Notas zero ou anuladas representam 4.77%, boa parte por causa do não comparecimento ao segundo dia, da redação em branco, fuga ao tema ou cópia de texto motivador.

Em 2014, 250 estudantes gabaritaram o texto. Em 2015, o número caiu para 104 candidatos. “A gramática da língua está fazendo com que muita gente deixe de tirar nota 1.000. Só 77 alunos no País inteiro. Então a correção está bastante criteriosa. O MEC está investindo muito na capacitação do corretor. Particularmente, acho isso o máximo. Legitima muito o trabalho do professor, faz com que o aluno reconheça por quais motivos a gente exige tanto em sala de aula”, avalia a professora Sandra Lima, com quem Bruno Monteiro teve aulas de produção de texto no Colégio São Luís.
Já na área de linguagens e códigos, apenas um candidato conseguiu tirar nota acima de 800. “Foi uma prova extensa, junto com matemática e redação, e o aluno não consegue mostrar o que ele sabe. Além disso, este ano foi uma prova particularmente difícil, (mais) do que tinha sido nos anos anteriores. O nível de interpretação de texto foi muito mais aprofundado”, contou Mônica Soares, professora de língua portuguesa.

Apesar disso, a área de linguagens e códigos ficou com uma das maiores médias gerais (520,5), atrás de ciências humanas (533,5) e na frente de matemática (489,5) e ciências da natureza e suas tecnologias (477,1). A maior nota do Enem de 2016 foi registrada em matemática e suas tecnologias (991,5) enquanto a mais baixa em linguagens e códigos e suas tecnologias (287,5).

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