O conceito de fator de risco cardiovascular foi introduzido no início da década de 60, através dos resultados iniciais do Framingham Heart Study . Em termos epidemiológicos, um fator de risco é definido como uma característica que, uma vez presente em determinada população ou indivíduo, se associa à maior probabilidade de desenvolvimento de doença no futuro.
Os fatores de risco cardiovascular atualmente indicados como os mais importantes são: colesterol alto, hipertensão arterial, tabagismo, idade, predisposição hereditária, resistência à insulina e diabetes mellitus, sedentarismo, obesidade e climatério. No entanto, torna-se cada vez mais evidente que uma parcela significativa da população desenvolve doença isquêmica coronariana ou cerebrovascular, apesar de não se encaixar na categoria de alto risco. Estudos demonstram que os fatores de risco convencionais estão associados a menos da metade dos eventos cardiovasculares
Nesses indivíduos, outros fatores relacionados à hemostasia, inflamação e trombogênese parecem estar implicados. Ademais, os fatores de risco convencionais parecem não ter o mesmo efeito associativo em diferentes grupos étnicos. Como exemplos: não há associação entre
a alta prevalência de diabetes e doença coronariana em populações afro-caribenhas , ao mesmo tempo em que há baixa prevalência de doenças cardiovasculares na China, apesar do alto índice de tabagismo .
Ao longo dos últimos quinze anos, os pesquisadores intensificaram a procura e a identificação de possíveis novos fatores implicados na origem das doenças cardiovasculares. Estes novos fatores de risco podem ser agrupados em fatores de hemostasia e trombogênese e os marcadores séricos de inflamação: selectinas P e E, moléculas de adesão celular, fator de necrose tumoral alfa , interleucina 6, e proteína C reativa .
A identificação dos fatores de risco é fundamental para a prática clínica e para o desenvolvimento das estratégias de saúde pública de prevenção primária e secundária das doenças inquêmicas e cerebrovasculares. De fato, é possível que a mortalidade decrescente destas doenças, observada nas últimas décadas em países desenvolvidos, e também no Brasil, se deva em parte à melhor identificação e tratamento das populações de alto risco, mas muito provavelmente à melhora nas condições de vida das pessoas.
Os pacientes que mais se beneficiam do rastreio de novos fatores de risco cardiovascular são aqueles com doença atero trombótica na ausência de fatores de risco convencionais. Em alguns casos, a presença anormal de alguns desses fatores deve levar o médico a considerar mudanças no estilo de vida do paciente e, possivelmente, terapias farmacológicas adicionais.
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