segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Memento dos mortos: o fim dos intelectuais católicos no Brasil. Escrito por J. Ramos

ARTIGO 

Émile Durkheim, o fundador da sociologia, que entre sua bibliografia está o clássico “As formas elementares da vida religiosa”, um livro que todo ateu deveria ler antes de sair por ai falando sandices sobre as religiões, ensinava que há um limite de anormalidade que a mente coletiva é capaz de perceber.

Utilizo Durkheim para tentar explicar a queda vertiginosa que a alta cultura do nosso país sofreu nos últimos anos, mas especificamente tratarei dos intelectuais católicos, que sumiram da agenda do país, “fazendo crescer e se estender entre nós um sintoma de autodestruição, sintoma esse que se evidencia no horror, na alergia e numa invencível hostilidade à inteligência, num terrível ressentimento contra as legítimas expressões do espírito.” (Augusto Frederico Schmidt, 1950). Cabe salientar que não busco restaurar a idade medieval, aos desinformados digo em letras maiúsculas: A MINHA PREOCUPAÇÃO É OUTRA!.

Não existe na história universal nenhum gênero próximo a estagnação intelectual que vive os católicos do país, a “constante de Durkheim”, é o meu instrumento analítico das transformações históricas que a igreja experimentou num período de pouco menos de um século. Para dar uma definição, podemos dizer que dos anos 60 até 2017, foram as décadas do esquecimento de Deus e das verdades eternas, e os dias da confusão literária, das lutas sociais e da politica partidária.

Com uma constância quase infalível, de intelectuais agnósticos ainda no império de D. Pedro II, que por meio de manifestos, convenções e o golpe de 1889, consolidou o ideal republicano que secularizou progressivamente o imaginário popular; depois já nos anos 70, as comunidades eclesiais de base que serviriam ao aparelhamento da revolução cultural que incentivadas pela teologia da libertação, se espalharam por todo o país, muito menos para propagar influências literárias, como: Louis Lavelle, Chesterton, Bloy, André Gide, T.S Elliot, Benedetto Croce, Whitehead e outros, e sim, em prol da “radicalização democrática”, relegando os padres conservadores aos papéis secundários de vigários, sem poder algum de decisão.

Sem falar nos valores educacionais que deveriam ser “a socialização da jovem geração pela geração adulta”, temos com as publicações na revista Nova Escola a difusão de uma nova tendência na alfabetização, o famoso “Sócio Construtivismo”, que se diz uma teoria do desenvolvimento infantil que escandalosamente cria inúmeros problemas de leitura e escrita.

No passado a intelectualidade católica se destacava nas Letras, na história e no jornalismo. Haviam muitos destaques na teologia e na filosofia, figuras como: padre Leonel Franca, Alexandre Correia, padre Teixeira Leite Penido, frei Boaventura, padre Ávila. Já nas letras três nomes inquestionáveis: Ariano Suassuna, Nelson Rodrigues e Otto Maria Carpeaux. Na história e no jornalismo nomes como: Felício dos Santos, Perilo Gomes, Oliveira Viana, Hamilton Nogueira, João Camilo de Oliveira Torres, Hildebrando Accioly, Affonso Pena Júnior, Alfredo Valadão, que diante dos atuais representantes do jornalismo, eles devem estar se revirando no túmulo.

Como dizia Durkheim, “quando os padrões descem abaixo do limite, a sociedade automaticamente ajusta o seu foco de percepção para achar normal o que antes lhe parecia anormal, para aceitar como banal, corriqueiro e até desejável o que antes a assustava como inusitado e escandaloso”.
O BRASIL É UM ASILO DE LUNÁTICOS ONDE OS PACIENTES ASSUMIRAM O CONTROLE.
(Paulo Francis)

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