O líder da Al-Qaeda Osama bin Laden, em foto de 1998
Fo APP
O conselheiro-chefe para antiterrorismo da Casa Branca, John Brennan, garantiu nesta segunda-feira que, se fosse possível, Osama bin Laden teria sido levado com vida de sua mansão em Abbottabad, no Paquistão. "Se nós pudéssemos, nós teríamos feito isso", afirmou Brennan em pronunciamento feito na Casa Branca.
O conselheiro acrescentou que os Estados Unidos esperam manter o trabalho no país asiático e eliminar as bases da Al-Qaeda, uma vez que, no seu entendimento, é improvável que Bin Laden pudesse se manter escondido na cidade sem uma base de apoio. Isso faz parte da sua mensagem de que "o terrorismo é uma estratégia do passado, não do futuro."
Brennan ainda disse que a ação de assalto à casa de Bin Laden foi conduzida de modo a não precisar contar com o envolvimento das forças paquistanesas. Quanto ao questionamento sobre a liberação de mais fotos que possam elucidar as circunstâncias em que o ataque à mansão ocorreu, Brennan disse que ainda está ponderando se novas imagens poderão ser liberadas.
Um dos poucos detalhes, liberados pelo jornal The Guardian, indicava que uma mulher teria morrido no ataque após ter sido usada como escudo humano dos tiros das tropas americanas. Brennan informou que Bin Laden estava escondido atrás de uma mulher que foi usada como proteção, confirmando a informação e mostrando, ao seu ver, "o tipo de caráter" do terrorista. A mulher morreu. Ele também acrescentou que não sabe se Bin Laden estava em condições de usar uma arma de fogo.
Brennan informou que a operação foi integralmente acompanhada em tempo real pelo governo norte-americano e que todos respiraram "aliviados" quando os soldados conseguiram confirmar que realmente haviam alcançado Bin Laden e que então sentiram-se seguros para comunicar o povo americano do feito alcançado em solo paquistanês. Ele também voltou a garantir que o sepultamente de Bin Laden ocorreu de acordo com a tradição islâmica
BBC Brasil
"Bin Laden (arquivo)"
O diretor da agência de inteligência americana, a CIA, Leon Panetta, disse que é 'quase certo' que a rede extremista Al-Qaeda tente vingar a morte de Osama Bin Laden.
'Bin Laden está morto, mas a Al-Qaeda, não. Os terroristas quase certamente tentarão vingá-lo. E nós devemos - e iremos - continuar atentos e determinados', disse Panetta.
Mais cedo, militantes do Talebã e da Al-Qaeda no Paquistão disseram à BBC que a morte de Osama Bin Laden 'não vai ficar sem resposta'.
O porta-voz da principal facção paquistanesa do Talebã Ehsanullah Ehsan falou por telefone com a agência de notícias AFP.
'Se ele (Bin Laden) foi martirizado, nós vamos vingar sua morte e lançar ataques contra os governos americano e paquistanês e suas forças de segurança', disse ele.
'Essas pessoas são, na verdade, inimigos do Islã.'
'Se ele (Bin Laden) se tornou um mártir, é uma grande vitória para nós, porque o martírio é o objetivo de todos nós', disse Ehsan.
Bin Laden se mudou para o Afeganistão em 1996, de onde passou a comandar a Al-Qaeda com o apoio do Talebã, que controlava o país.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o governo americano ordenou que o Talebã entregasse Bin Laden ou entregasse o poder, o que resultou na invasão do Afeganistão por forças dos Estados Unidos.
Hamas
O movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, condenou o que chamou de 'assassinato' de Osama Bin Laden, apesar das relações ambivalentes entre o grupo e a Al-Qaeda.
O premiê do Hamas, Ismail Haniyah, chamou Bin Laden de 'guerreiro árabe sagrado' e disse que o assassinato é a continuação de uma política americana baseada na opressão.
No passado, o Hamas tentou, por vezes, se distanciar de Bin Laden temendo que a Al-Qaeda estivesse se apoderando da causa palestina de forma prejudicial ao movimento.
Já Bin Laden criticou o Hamas por participar de eleições democráticas nos territórios palestinos em 2006.
Recentemente, o Hamas enfrentou oposição em Gaza de grupos inspirados pela Al-Qaeda que acham que o grupo se tornou moderado demais.
Marcando as diferenças entre as facções palestinas, o Fatah, que controla a Cisjordânia, disse que a morte de Bin Laden é positiva para a causa da paz no mundo.
O cirurgião egípcio Al-Zawahiri é considerado há anos o braço direito de Osama bin Laden
Foto: Reuters
Após a morte do fundador e líder da rede Al-Qaeda, Osama Bin Laden, as atenções se voltam para outros nomes da lista de mais procurados do FBI, a polícia federal americana. O egípcio Ayman Al-Zawahiri, tido como o braço-direito de Bin Laden na Al-Qaeda e possível novo líder da organização, poderá se tornar o principal alvo na lista de homens responsabilizados pelos Estados Unidos por atividades terroristas.
A lista era encabeçada por Bin Laden, mas foi oficialmente atualizada nesta manhã. Agora, a palavra "falecido" consta no perfil do líder da organização extremista.
Conheça os dez mais procurados pelo FBI, listados de acordo com o montante de recompensa oferecido por informações que levem às suas capturas, e pela gravidade das acusações contra eles:
Ayman Al-Zawahiri
Al-Zawahiri é considerado o "número dois da Al-Qaeda" e braço direito de Osama Bin Laden. Ele já estava na lista nos 22 terroristas mais procurados anunciada pelo governo americano em 2001, e permanece na lista.
Um prêmio de US$ 25 milhões (cerca de R$ 39 milhões) é oferecido por sua captura - mesmo valor que pairava sobre a cabeça de Bin Laden.
Para alguns especialistas, o cirurgião oftalmologista egípcio é o mentor ideológico da Al-Qaeda e o "cérebro operacional" dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Ele é formalmente acusado pelos Estados Unidos de participar dos ataques às embaixadas americanas em Dar es Salaam, na Tanzânia, e em Nairóbi, Quênia, em 7 de agosto de 1998.
Entre 2003 e 2010, Zawahiri foi um dos porta-vozes mais proeminentes da Al-Qaeda, aparecendo em 40 vídeos da organização.
Ele foi visto pela última vez na cidade de Khost, no Afeganistão, em 2001, e se escondeu depois que o governo americano tirou o Talebã do poder.
Acredita-se que o médico egípcio esteja escondido nas regiões montanhosas da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. No entanto, há relatos de que sua esposa e filhos foram mortos em um ataque aéreo americano em 2001.
Ayman Al-Zawahiri foi condenado à morte - à revelia, sem estar presente no tribunal - por uma corte no Egito. A Justiça egípcia o acusa por atos cometidos pelo grupo Jihad Islâmica Egípcia (EIJ, na sigla em inglês), que ele fundou nos anos 90.
Adnan G. El Shukrijumah
Segundo o FBI, Adnan G. El Shukrijumar, que morou nos Estados Unidos por 15 anos, foi um dos líderes do "programa de operações externas" da Al-Qaeda.
Ele foi acusado nos Estados Unidos, em julho de 2010, de participação em um plano para atacar alvos americanos e britânicos. Ele é também suspeito de ter participado de planos para ataques da organização no Panamá e na Noruega.
Um complô do qual Shukrijumah supostamente participava, para atacar o sistema de metrô de NoVa York, foi descoberto em setembro de 2009. O esquema teria sido orquestrado por um líder da Al-Qaeda no Paquistão.
Adnan Shukrijumah nasceu na Arábia Saudita, e se mudou para os Estados Unidos quando seu pai, um clérigo muçulmano, passou a trabalhar em uma mesquita no bairro do Brooklyn, em Nova York. Depois, eles se mudaram para a Flórida.
No final dos anos 90, ele se convenceu de que deveria participar da jihad (guerra santa) e foi para campos de treinamento no Paquistão.
O governo americano oferece US$5 milhões (cerca de R$ 8 milhões) por informações sobre seu paradeiro.
Fahd Mohammed Ahmed Al-Quso
O iemenita Fahd Al-Quso é acusado pela participação no atentado a bomba contra o navio americano USS Cole, que matou 17 marinheiros em 2000, na cidade portuária de Aden, no Iêmen.
Em 2003, ele chegou a ser preso pelas autoridades locais, mas escapou. Foi recapturado meses depois, mas saiu da prisão em 2007, apesar dos protestos do governo americano.
O prêmio para sua captura, segundo o FBI, é de US$ 5 milhões (cerca de R$ 8 milhões).
Acredita-se que Al-Quso esteja no Iêmen, mas há relatos de que ele pode ter sido morto em um ataque de aviões militares não-pilotados americanos em setembro de 2010, no norte da região do Waziristão, no Paquistão.
Jamel Ahmed Mohammed Ali Al-Badawi
Jamel Al-Badawi também é procurado pelo ataque do navio americano USS Cole, no Iêmen, em 12 de outubro de 2000.
Ele foi capturado pelas autoridades iemenitas em abril de 2003 e em março de 2004, mas escapou ambas as vezes da prisão.
O prêmio pela captura do iemenita, que está foragido desde fevereiro de 2006, é de US$ 5 milhões (cerca de R$8 milhões).
Abdullah Ahmed Abdullah
O egípcio Abdullah Ahmed Abdullah foi acusado de participação nos atentados a bomba contra as embaixadas americanas de Dar es Salaam, na Tanzânia, e Nairóbi, no Quênia, em 1998.
O governo americano oferece uma recompensa de US$5 milhões (cerca de R$ 8 milhões) por sua captura ou informações sobre seu paradeiro.
Ele foi visto pela última vez saindo de Nairóbi, em avião, com destino à cidade de Karachi, no Paquistão.
Mohammed Ali Hamadei, Ali Atwa e Hassan-Iz-Al-Idin
Os três homens, nascidos no Líbano, são procurados pela participação no sequestro de um avião comercial da empresa americana TWA, em 14 de junho de 1985.
O ataque causou a morte de um mergulhador da marinha americana.
Hamadei, Atwa e Iz-Al-Idin são supostos membros do grupo militante xiita libanês Hezbollah, considerado pelos Estados Unidos como uma "organização terrorista".
O governo americano oferece US$ 5 milhões por informações sobre cada um dos homens.
Saif Al-Adel
Saif Al-Adel é o nome utilizado pelo ex-tenente-coronel do exército egípcio Muhamad Ibrahim Makkawi. Ele viajou para o Afeganistão nos anos 80 para lutar contra as forças soviéticas, que ocupavam o país, ao lado dos chamados mujahedin (soldados sagrados, em árabe).
Em 1987, o Egito o acusou de tentar estabelecer no país um braço militar do grupo extremista islâmico Al-Jihad, e de tentar derrubar o governo.
Adel foi o chefe de segurança de Osama Bin Laden, e chegou a assumir diversas funções do comandante militar da Al-Qaeda, Mohammed Atef, depois de sua morte em um ataque aéreo americano em 2001.
Ele também é suspeito de participação dos ataques a embaixadas americanas no leste da África; de treinar os somalis que mataram 18 funcionários americanos na capital da Somália, Mogadishu, em 1993; e de dar instruções a alguns dos 11 sequestradores que participaram do 11 de setembro de 2011.
Depois da invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, acredita-se que Adel tenha ido para o Irã com Saad Bin Laden, um dos filhos do líder da Al-Qaeda.
Eles teriam sido presos e mantidos sob vigilância da Guarda Revolucionária do Irã, mas o país jamais admitiu sua presença em seu solo.
De acordo com informações do FBI, Adel pode ter sido solto e viajado para o norte do Paquistão. O prêmio por informações que levem à sua captura é de US$ 5 milhões.
Adam Yahiye Gadahn
Adam Gadahn, um cidadão americano que vivia na Califórnia, se destacou como propagandista da Al-Qaeda depois de aparecer em diversos vídeos da organização.
Depois de se converter ao islamismo na adolescência, Gadahn se mudou para o Paquistão em 1998 e casou-se com uma refugiada afegã.
Lá, ele se tornou tradutor da Al-Qaeda e se associou ao comandante militar de campo da organização, Abu Zubaydah.
Em 2004, o departamento de Justiça americano nomeou-o como um dos sete membros da Al-Qaeda que planejavam ataques iminentes nos Estados Unidos. Pouco depois, ele apareceu em um vídeo defendendo a organização, em que se identificava como "Azzam, o americano".
Em setembro de 2006, ele apareceu em um vídeo com Ayman al-Zawahiri e pediu aos cidadãos americanos que se convertessem ao islamismo e apoiassem a Al-Qaeda.
No mesmo ano, ele se tornou o primeiro cidadão americano a ser acusado de traição desde a Segunda Guerra Mundial.
O documento da acusação dizia que ele "aderiu conscientemente a um inimigo dos Estados Unidos...com intenção de trair os Estados Unidos".
O governo americano oferece US$ 1 milhão (R$ 1,5 milhão) por informações sobre Gadahn ou sua captura, mas
Ismail Haniyeh condenou nesta segunda-feira o "assassinato" de Osama bin Laden
Foto: AP
"Vemos este (episódio) como uma continuação da política americana baseada na opressão e no derramamento de sangue muçulmano e árabe", disse Haniyeh em declarações a um grupo de jornalistas em Gaza.
O dirigente do movimento islâmico Hamas qualificou Bin Laden como "um combatente santo árabe" e "pediu a Deus que seja misericordioso com os verdadeiros crentes e os mártires".
Suas declarações foram dadas em um momento em que o Hamas tenta se aproximar do Ocidente, através de um acordo de reconciliação com o movimento nacionalista palestino Fatah e que deve ser assinado na quarta-feira no Cairo.
O primeiro-ministro do Governo da ANP na Cisjordânia, Salam Fayyad, declarou que Bin Laden "foi uma pessoa que dedicou toda sua vida ao terrorismo e à destruição".
"Espero que sua morte seja o fim de uma época obscura", afirmou em entrevista coletiva em Ramallah.
O porta-voz de Fayyad, Ghassan Al Khatib, tinha qualificado horas antes a morte do mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001 como um passo para a paz.
"A morte de Bin Laden é um bom desenvolvimento para a paz e a segurança no mundo", declarou Khatib, na primeira reação de um funcionário da Autoridade Nacional Palestina (ANP) à notícia.
O porta-voz da ANP ressaltou, no entanto, que "o mais importante é nos livrarmos da ideologia e das crenças radicais de Bin Laden".
Soldados paquistaneses no local em que Osama bin Laden foi morto neste domingo (1º) em Abbotabad, no Paquistão. (Foto: AP)
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