quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Homem pode raspar o peito? Claro que pode... mas precisa?

Aparência não é brincadeira. Desde sempre os seres humanos gastam tempo e recursos para ficar bonitos. Ou entrar na moda. Homens e mulheres depilavam o corpo na Índia, na Grécia e em Roma, centenas de anos antes de Cristo. Não há, portanto, novidade na propaganda recente da lâmina de barbear que tenta convencer os brasileiros a raspar os pelos do peito.

Vocês devem ter visto na TV. É só uma tentativa de transformar em tendência aquilo que poucos fazem – em especial, homens que sofrem daquilo que um amigo meu chama de "exuberância capilar".

Qual a diferença entre raspar rosto ou cabeça – algo que todo mundo faz – e raspar peito, pernas e sobrancelhas – algo que menos homens se atrevem a fazer? Diferença nenhuma. É só questão de convenção. Se um monte de sujeitos influentes começar a aparecer em público com as sobrancelhas desenhadas e o peito escanhoado, essa forma de apresentação passará a ser vista como aceitável. Tem sido assim com tudo que nos cerca. Já houve um tempo em que tomar banho, raspar a barba, cortar o cabelo e até usar calças (em vez de túnica) era visto como coisa de gente extravagante. Esse tempo passou.

Vivemos há décadas a era do "pode tudo", e os estigmas ficam para trás. A discussão em torno da depilação masculina não é mais sobre sexualidade. Gays e héteros depilam o peito, cuidam das sobrancelhas, vão à manicure. Todos fazem plásticas. Há vaidosos de todas as orientações sexuais. Os gays lançam roupas, cortes de cabelo e cuidados com o corpo, que os heterossexuais usarão depois. Eles abrem espaço. É por isso que os homens hoje usam os cremes das suas mulheres espalhados sobre a pia do banheiro. Agora pode.

Quando de trata de torsos raspados, a questão não é se isso torna os homens afeminados. Não torna. Cristiano Ronaldo, o jogador de futebol português que todos conhecem, não é menos heterossexual por causa das sobrancelhas de odalisca ou das pernas lisas.O problema dele é parecer um narcisista de tempo integral, alguém 100% do tempo preocupado com a aparência. Essa é a grande questão em torno dos cuidados estéticos masculinos. As mulheres querem ter em casa um parceiro cuja prioridade número 1 é parecer perfeito no espelho? Os homens querem ser esse tipo de obcecado?

Terça-feira, quando pus na internet o vídeo adiantando o tema desta coluna, algumas leitoras escreveram para opinar que os homens deveriam experimentar as mesmas exigências estéticas que impõem às mulheres. Entendo a birra, mas a acusação é injusta. Não são exatamente os homens que cobram o corpo perfeito e a pele lisinha das mulheres. A cobrança das mulheres sobre elas mesmas é muito maior. A cultura feminina brasileira é que tem um componente de loucura quando se trata do corpo, e alguns homens já foram contaminados por ela. Será que o mundo ficaria melhor se eles fossem maioria? Duvido.

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