Segundo o jornal, a decisão do Supremo Tribunal Federal de rejeitar o pedido de habeas corpus de Lula - permitindo a ordem de prisão - "marca uma triste e humilhante queda de um político notável", mas que, ao mesmo tempo mostra "um desenvolvimento positivo, até revolucionário, em um país atormentado tanto por legalismo extremo como por desrespeito a leis".
"O expurgo anticorrupção do Brasil deve ser celebrado, não criticado", diz o jornal. "Juízes e promotores brasileiros têm sido imparciais em sua busca por justiça, e atuado em todo o espectro político".
O jornal enumera "conquistas notáveis" de Lula, que "deu voz aos pobres" e "cortou pela metade a proporção de brasileiros vivendo na pobreza", mas ressalta que "o herói dos trabalhadores também presidiu o governo mais corrupto na história do país, de acordo com um de seus próprios ministros".
O editorial diz que a iminente prisão de Lula deixou em aberto a corrida presidencial de 2018. Sua saída do páreo "não significa dizer que o segundo colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro, já ganhou", diz.
O FT descreve Bolsonaro como político de extrema-direita e sua eleição como "hipótese assustadora". "Ele faz as opiniões de Donald Trump parecerem amenas".
A ordem de prisão de Lula teve destaque em várias outras publicações de renome. Para o americano New York Times, ela "manda uma mensagem preocupante para outros políticos de peso envolvidos em investigações de corrupção".
"A ameaça de prisão tem sido uma das ferramentas mais importantes na investigação em larga escala conhecida como Lava Jato, que envolveu não apenas Lula, mas também dezenas de líderes empresariais e políticos, incluindo o presidente Michel Temer", observa o jornal.
O Washington Post, por sua vez, diz que "o encarceramento de Lula marcará uma queda colossal para o homem que se tornou uma celebridade mundial e deixou o cargo com índices de aprovação acima de 80%".
O espanhol El País observa que todo o processo contra o ex-presidente tem sido de uma celeridade incomum na habitualmente lenta justiça brasileira. "E a mesma pressa marcará sua entrada na prisão".
O La Nacion, da Argentina, também ressaltou que as peças nesse caso se moveram mais rápido que o esperado e que "o tempo acabou para Lula: ele deve se entregar para cumprir 12 anos de prisão".
O britânico The Guardian, diz que a decisão do STF "trará um sério golpe à sobrevivência política do primeiro presidente da classe trabalhadora do Brasil e potencialmente aprofundará as divisões no país, que tem sido abalado por episódios de violência política".
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