Até alguns anos atrás, as infecções eram mais comumente relatadas em áreas tropicais em Queensland, com casos ocasionais em outros Estados. Mas, somente no ano passado, foram registradas 275 novas infecções no Estado de Victoria, o que representa um aumento de 51% em relação a 2016.
Em um artigo publicado no periódico científico Medical Journal of Australia, médicos locais pediram financiamento do governo para pesquisar a doença e suas causas. “Ninguém entende o que está acontecendo e o que está motivando esta epidemia. Podemos oferecer pistas, mas não um parecer definitivo. É um mistério.”, disse Daniel O’Brien, especialista em doenças infecciosas e coautor da publicação, à BBC.
Hipóteses: chuva, tipo de solo e vida selvagem
Em países em desenvolvimento, a doença está associada a áreas úmidas e água parada, no entanto, na Austrália, os casos foram amplamente reportados em regiões costeiras. De acordo com o artigo, são registrados cerca de 2.000 casos da doença por ano, ao redor do mundo
Segundo O’Brien, algumas teorias para a disseminação da doença no país envolvem fatores como chuva, tipo de solo e vida selvagem. No ano passado, as autoridades encontraram vestígios da bactéria em fezes de possum, um tipo de marsupial, animal da família dos gambás.
“O problema é que não temos tempo para sentar e pontificar sobre isso – a epidemia atingiu proporções assustadoras”, afirma o médico.
Sem prevenção e com casos mais graves
Para piorar a situação, os médicos não sabem como prevenir a doença, que é causada pela bactéria Mycobacterium ulcerans, que destrói os tecidos. A infecção aparece como um pequeno caroço vermelho, parecido com uma espinha ou picada de inseto. Conforme o tempo vai passando, esse caroço aumenta gradualmente, podendo causar lesões destrutivas.
“A bactéria lentamente devora a pele e o tecido até ser tratada. Quanto mais tempo você deixa, pior fica. É uma infecção progressiva e destrutiva.”, explicou O’Brien à BBC.
Qualquer pessoa está susceptível à doença, que geralmente infecta os braços e pernas. Em comparação com outros tipos de bactérias devoradoras de carne, a úlcera de Buruli não é considerada a mais agressiva, embora o micro-organismo tenha a capacidade de devorar um membro inteiro.
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