sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A TEORIA TOPOGRÁFICA OU O MODELO TOPOLÓGICO DA MENTE

Teoria Topográfica é uma teoria postulada por Sigmund Freud no livro “A Interpretação dos Sonhos”, que estratifica representativamente a consciência em níveis ou dispõe topologicamente a mente. Nessa teoria, Freud divide o aparelho psíquico em três sistemas mentais correlacionados entre si próprios e entre à consciência: Inconsciente, Pré-consciente e Consciente.
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Sistema Consciente abrange os elementos que se configuram como conscientes, plenamente acessíveis, cônscios, em um determinado período. Trata-se de um aparelho perceptivo processual instantâneo, na fronteira entre a mente e o corpo, entre os campos interno e o externo, com envergadura de percepção para ambos. É, pois uma função essencial do aparelho psíquico, embora não abranja o campo do psiquismo em sua complexidade.
Um elemento psíquico, para ser consciente, deve perpassar pelos três níveis do sistema psíquico topologicamente descrito, ou seja, esses devem se associar para transmutar em consciente um componente psíquico de outra esfera da estratificação.
O Sistema Consciente conta ainda com um dispositivo de proteção denominado por Freud de detector ou amortecedor de estímulos. Sua função é manter o equilíbrio da tensão energética do aparelho psíquico, decompondo e parcelando o recebimento direto de estímulos externos intensos ou saturados em excitação.
Sistema Pré-Consciente abarca elementos psíquicos não conscientes, porém disponíveis imediatamente ao acesso da consciência. Trata-se de um sistema não consciente, contudo bem diferenciado do sistema inconsciente.
Elementos pré-conscientes não estão dispostos no círculo da consciência, mas a ela são acessíveis. São, portanto, não-conscientes. Todavia não são confundidos com elementos inconscientes, pois estes não possuem acesso direto à consciência.
O pré-consciente se circunscreve entre o consciente e o inconsciente. É no pré-consciente que estão inscritos os pensamentos, as ideias, as experiências, os conhecimentos, as noções e os dados pretéritos que podem ser trazidas à consciência, com algum esforço. Pertence ainda ao campo pré-consciente as impressões do universo exterior à psique, que se representam fonética e verbalmente.
As representações objetivas do inconsciente, assim como suas disposições, são impelidas à consciência pelo sistema pré-consciente, configuradas em paralelas verbais contraídos pela consciência. Um exemplo claro de tal mecanismo são as dinâmicas dos sonhos.
O Sistema Pré-Consciente é regido por um processo secundário, cujas normas incluem a elaboração de cronologia sequencial nas representações, a o desenvolvimento de uma relação lógica entre as representações, o preenchimento de vazios existentes entre idéias desconexas e a implementação da relação entre causa e consequência das representações, ou seja, a elaboração da causalidade factual, estabelecendo analogia de sequencialidade fluxal entre fenômenos elementares pré-conscientes.
Para finalizar a nossa descritiva acerca do Sistema Pré-consciente, vale salientar que toda matéria consciente destina-se ao pré-consciente, em sucessão. Parte dessa matéria consciente, após ser experienciada, é inscrita no pré-consciente. Parte ultrapassa o pré-consciente para ser recalcado no inconsciente. Assim, o Pré-consciente parcialmente arbitra acerca da supressão de elementos psíquicos no acesso ao inconsciente, assim como – também parcialmente – veta o ingresso ou regresso de elementos periculosos à consciência.
Sistema Inconsciente é gerido por processo primário e compreende os elementos psíquicos inacessíveis ou acessíveis com altíssimo grau de resistência e representação pela consciência.
O inconsciente não é passível de observação e análise direta e o psicanalista investiga suas representações e vestígios para fazer emergir seus elementos à consciência. Trata-se, ao mesmo tempo, de um receptáculo de lembranças traumáticas reprimidas e de um reservatório de impulsos primitivos do sexo e da agressividade, além das pulsões. Configura-se como uma região psíquica, moldada pela sexualidade infantil, onde se localizam os elementos indisponíveis à consciência.
As variações inconscientes se manifestam na consciência de forma velada, encriptada, disfarçada e indireta, como em sonhos, em testes projetivos, no histórico de sintomas neuróticos e psicóticos ou em atos falhos, por exemplo. É no inconsciente que se localizam as tensões provenientes entre elementos de recalque que buscam emergir à consciência e a repressão psíquica que os mantém recalcados.
O Sistema Inconsciente é dinâmico, evolutivo e vastamente empossado de energia psíquica. Ele abrange os impulsos, as pulsões e as essências dos sentimentos cujos quais o sujeito conscientemente desconhece. Sua manifestação consciente reveste-se dos elementos dispostos no Sistema Pré-consciente. O Inconsciente é, portanto, o psiquismo real, a forma mais primitiva do psiquismo, subsidiário do Sistema Consciente.
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Texto de autoria de Thiago Vieira,
Comunicólogo, psicanalista, psicopedagogo e especialista em sexualidade humana
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VIEIRA, Thiago. Título da publicação. Publicado em “Espelho Psicanalítico”. Disponível em <https://espelhopsicanalitico.wordpress.com).

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