Por:Pádua Marques(*)
Pelo jeito que está a coisa caminhando nestes dias antes do Natal, eu não duvido nada que o Papai Noel vai acabar colocando à venda suas renas ou no mínimo trazendo pra vender no novo troca-troca inaugurado pelo Florentino ali nas proximidades do Mercado da Quarenta. Faltando menos de um mês pra grande festa e que tanta expectativa cria no comércio, a situação ao que se vê não anda boa não.
Dá pena a gente atravessar ali no chamado calçadão da Marechal Deodoro a qualquer hora da manhã pra se ver como a coisa está ruim. As vendedoras daquelas lojas de roupas e calçado só faltam agarrar a gente pelo pescoço! Quando a gente chega ali no antigo mercado central até no antigo Cascatinha, meu Deus e minha Nossa Senhora, os camelôs só faltam tirar a roupa da gente! E não tem esse negócio de livrar cara de velho aposentado, professora, mãe com menino não.
Andando pela praça da Graça a gente observa que, tirando os malucos, lavadores de carros e outros desocupados, ninguém quase não passa mais na Banca do Louro pra dar uma filada nos jornais e revistas. Na matriz de Nossa Senhora da Graça, os santos andam com os olhos baixos e se pudessem aceitariam pagamento de promessas por cartão de crédito. Esse negócio de reza sem fim não põe mais ninguém em pé não.
E até meu amigo Perneca, vendedor de picolé naquele arremedo de terminal de vans, ali embaixo daquele robusto pé de pau na praça de Santo Antônio, anda fazendo hora extra pra poder no final do dia levar uma coisinha avultada pra dividir com os filhos e netos. A falta de dinheiro é tamanha que não tem um filho de Deus nesse momento que tenha uma moeda de um centavo no bolso.
Eu sei que a situação ficou insuportável pra todo mundo. E quem diria que Papai Noel, com toda aquela gargalhada gostosa e aquele barrigão enorme de bebedor de cerveja um dia na vida haveria de passar por toda essa vergonha de andar fazendo negócio com veados. Mas é assim mesmo. Tem ocasião que é preciso colocar a vergonha pra um lado. Mesmo depois de velho e dependendo da necessidade. E ocorre agora lembrar que bem que seria de bom tamanho se ele, o bom velhinho, aceitasse uma oferta de ao invés das renas usasse nossos jumentos.
Mas deixemos os jumentos de lado. Eles até que na rua e comendo um pouco de capim ou um pedaço de jornal velho, não fazem mal a ninguém, salvo quando andam peados levando perigo quando atravessam uma rua ou avenida coberta de carros pra cima e pra baixo. Aí a coisa pega. Mas bem que os jumentos já tiveram seus dias de fama. Quando nessa mesma época do Natal estavam nos presépios fazendo companhia ao boi e ao carneiro. Hoje esse encantamento de nossa infância não existe mais. O que existe mesmo é muita presepada, principalmente dos políticos.
Mas voltando ao caso gritante da situação de Papai Noel e suas renas, que os preconceituosos chamam de veados, a gente deve ficar preocupado de agora em diante. Vai que ele acaba fechando negócios aqui pelo Brasil, mais precisamente na Parnaíba, com algum supermercado ali da Caramuru? E vai ser muito decepcionante pra nós, que sempre lembramos dele sempre bonachão e cheio de presentes, o encontrarmos na fila da lotérica ali da Pinheiro Machado pedindo uns trocados pra voltar pra Groenlândia.
(*)Pádua Marques é jornalista e escritor
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