O arquiteto Gerson Castelo Branco top entre os cinquenta melhores arquitetos do mundo segundo Oscar Niemeyer. Nascido em Parnaíba, no Piauí, designer autodidata, Gerson Castelo Branco já soma 40 anos de profissão. Em centenas de trabalhos, ele conseguiu imprimir o seu estilo na arquitetura e no design de interiores, reconhecido inclusive internacionalmente. Mas a história desse profissional começou totalmente por acaso aos 14 anos, quando a família já havia se mudado para Fortaleza
Está a todo vapor com seus projetos, debruçado na sua prancheta “Made in Piauí”. Esteve recentemente em campinas São Paulo cuidando pessoalmente da reforma de um dos seus projetos.
Desajeitado nos esportes, foi nessa época que descobriu a habilidade de reproduzir e desenhar uma perspectiva. Tomou gosto pela coisa. Depois, prestou por duas vezes vestibular para a faculdade de arquitetura, mas acabou entrando na Universidade de Belas Artes na Bahia. Não concluiu, mas apurou ainda mais o olhar.
“Eram os anos 1970 e a Bahia de Caetano, Gal e Gil, era o lugar efervescente para se estar naquele instante”, relembra. Nessa época, já trabalhava informalmente em um escritório de arquitetura. Tornou-se autodidata e também pôs o pé na estrada, no melhor estilo hippie, on the road. Visitou a Cordilheira dos Andes, adentrou a selva amazônica, conviveu com tribos indígenas e ficou totalmente sem dinheiro.
“A vivência dos povos andinos foi uma experiência transcendental; me deixou com outros hábitos. Quando regressei ao Brasil, já não conseguia morar na cidade nem entendia a ostentação arquitetônica de muitas casas. Vivemos numa incoerência absurda, com arquitetura e décor europeus e necessidades de um país tropical. Essa experiência me fez buscar alternativas”
De volta ao Piauí, resolveu virar ermitão, construiu a sua própria casa de praia no meio do nada e da maneira mais rústica possível. Sem água, sem luz, nem estrada por perto. Gerson ergueu paredes de taipa, utilizou a palha de carnaúba no teto e esteiras de cipó de macaco. O mobiliário, todo reaproveitado, era fundamentalmente formado por chaises imensas, também aproveitadas como camas. Gerson também usou mobiliário artesanal do Ceará. “Usei tudo o que estava à mão para transformar”.
Mesmo autodidata, além de aumentar os projetos, seu conhecimento e originalidade o levaram a ser chamado para palestras e eventos de arquitetura justamente por ser precursor do apelo sustentável.
Despretensiosa e original, a casa virou um ícone. Ainda hoje, a Casa da Pedra do Sol é ponto turístico da Praia do Coqueiro. Gerson mal sabia, mas aí começariam as bases e os diferenciais do seu trabalho, que batizou de “Paraqueira”, como ele designava, ainda criança, a alegria, a satisfação, os momentos alegres da infância.
Datada de 1986, a Casa da Pedra do Sal, na ilha de Santa Isabel, no Piauí, foi construída em carnaíba, laje de castelo e talo de babaçu. Para o seu autor, defensor da identidade brasileira e de raízes nordestinas na arquitetura e no décor, a casa contempla e respeita a natureza
Mais tarde, numa dessas coincidências, descobriu que paraqueira é também o nome de uma árvore da Amazônia. Hoje, é significado de identidade, de resgate das raízes culturais na arquitetura, no décor e no design. “É uma proposta de morar diferente, é a identidade brasileira com raízes nordestinas, preocupada com a melhor implantação do projeto no local; respeito à natureza, reverência ao sol, à ventilação, à natureza”, complementa o autor.
A partir daí, a procura para a execução de projetos residenciais não parou mais. Primeiro foi chamado para reformar uma casa de praia. Na sequência os pedidos começaram a chegar da capital. “A arquitetura de Teresina era uma arquitetura de caixas, cheia de vidros, algo cenográfico, mas fora da realidade quente do estado. Fiz isso durante três anos, mas também era muito influenciado pela arquitetura de Janete Costa e Acácio Gil Borsoi”, diz. “Um casal genial que revolucionou a arquitetura estabelecida. Janete foi uma amiga do coração; fazíamos jantares na casa deles em Recife”.
A experiência pela Amazônia também influenciou o trabalho de Gerson e ajudou a definir um de seus traços marcantes.
O emprego das formas geométricas da asa-delta, que também lembram dobraduras ou os origamis de papel. Na serra, a 700 metros de altitude, ele ergueu uma casa assim, montada sobre pilares com mão-francesa e meias-paredes. Na prática, também passou a usar novos materiais, antes mesmo da questão ecológica entrar em pauta. Eucalipto autoclavado, tetos altos em taubília, também passaram a ser recorrentes em seus trabalhos.
Situada em Viçosa, no Ceará, o projeto Paraqueira in Natura foi planejado em um terreno de 33 hectares de mata preservada rodeada por sete cachoeiras. Apesar das formas rebuscadas, a casa não passou por nenhuma prancheta. O resultado é esta construção que concedeu três prêmios e 8 páginas na Architectura USA para Gerson Castelo Branco. A construção começou a partir do telhado com toras de Carnaúba, talos de babaçu, madeira, pedra e vidro.
A partir de 1978, seus projetos foram descobertos e publicados pela primeira vez em uma publicação dirigida por Olga Krell e seu olhar especial para o talento. Foi o primeiro reconhecimento dos muitos que vieram a seguir. Prêmios nacionais e internacionais e matérias na revista norte-americana Architectural Digest (revista que comparou suas criações às de Frank Lloyd Wright) são alguns dos pontos altos do trabalho de Gerson.
Raízes nordestinas, preocupada com a melhor implantação do projeto no local.
Mesmo autodidata, além de aumentar os projetos, seu conhecimento e originalidade o levaram a ser chamado para palestras e eventos de arquitetura justamente por ser precursor desse apelo sustentável. Na Costa Rica, foi convidado especial de um encontro mundial de arquitetura verde. Fotografados, outros projetos foram publicados na Rússia, Austrália, Alemanha, França, Itália e até no longínquo Vietnã. “Já fazia pela própria vivência e necessidade… Tudo era improvisado”. Mas suas linhas não são exatamente para locais longe da metrópole. Ele assina projetos urbanos inconfundíveis, para onde leva suas propostas devidamente adaptadas à urbe.
Hoje, Gerson Castelo Branco mora em Viçosa, cidade na divisa entre Ceará e Piauí, tem escritório em Fortaleza e uma casa de praia no Piauí. Mantém vivo o espírito aventureiro e o olhar atento para os recursos naturais. Aprendeu paisagismo, aprimorou o décor de interiores, mas não afrouxou a visão própria sobre o Brasil e os brasileiros na questão. “Ainda hoje há uma interferência muito grande das referências estrangeiras na arquitetura e na decoração. Convivo com proprietários que comprammobiliário em Miami mas também aprenderam a valorizar elementos artesanais. A casa virou um grande parangolé”, brinca.
No litoral norte de São Paulo, a casa projetada por Gerson Castelo Branco preserva a mata e se integra ao meio ambiente graças aos pilares de eucalipto autoclavado com 15 metros de altura.
“Eram os anos 1970 e a Bahia de Caetano, Gal e Gil, era o lugar efervescente para se estar naquele instante”, relembra. Nessa época, já trabalhava informalmente em um escritório de arquitetura. Tornou-se autodidata e também pôs o pé na estrada, no melhor estilo hippie, on the road. Visitou a Cordilheira dos Andes, adentrou a selva amazônica, conviveu com tribos indígenas e ficou totalmente sem dinheiro.
“A vivência dos povos andinos foi uma experiência transcendental; me deixou com outros hábitos. Quando regressei ao Brasil, já não conseguia morar na cidade nem entendia a ostentação arquitetônica de muitas casas. Vivemos numa incoerência absurda, com arquitetura e décor europeus e necessidades de um país tropical. Essa experiência me fez buscar alternativas”
De volta ao Piauí, resolveu virar ermitão, construiu a sua própria casa de praia no meio do nada e da maneira mais rústica possível. Sem água, sem luz, nem estrada por perto. Gerson ergueu paredes de taipa, utilizou a palha de carnaúba no teto e esteiras de cipó de macaco. O mobiliário, todo reaproveitado, era fundamentalmente formado por chaises imensas, também aproveitadas como camas. Gerson também usou mobiliário artesanal do Ceará. “Usei tudo o que estava à mão para transformar”.
Mesmo autodidata, além de aumentar os projetos, seu conhecimento e originalidade o levaram a ser chamado para palestras e eventos de arquitetura justamente por ser precursor do apelo sustentável.
Despretensiosa e original, a casa virou um ícone. Ainda hoje, a Casa da Pedra do Sol é ponto turístico da Praia do Coqueiro. Gerson mal sabia, mas aí começariam as bases e os diferenciais do seu trabalho, que batizou de “Paraqueira”, como ele designava, ainda criança, a alegria, a satisfação, os momentos alegres da infância.
Mais tarde, numa dessas coincidências, descobriu que paraqueira é também o nome de uma árvore da Amazônia. Hoje, é significado de identidade, de resgate das raízes culturais na arquitetura, no décor e no design. “É uma proposta de morar diferente, é a identidade brasileira com raízes nordestinas, preocupada com a melhor implantação do projeto no local; respeito à natureza, reverência ao sol, à ventilação, à natureza”, complementa o autor.
A experiência pela Amazônia também influenciou o trabalho de Gerson e ajudou a definir um de seus traços marcantes.
O emprego das formas geométricas da asa-delta, que também lembram dobraduras ou os origamis de papel. Na serra, a 700 metros de altitude, ele ergueu uma casa assim, montada sobre pilares com mão-francesa e meias-paredes. Na prática, também passou a usar novos materiais, antes mesmo da questão ecológica entrar em pauta. Eucalipto autoclavado, tetos altos em taubília, também passaram a ser recorrentes em seus trabalhos.
Situada em Viçosa, no Ceará, o projeto Paraqueira in Natura foi planejado em um terreno de 33 hectares de mata preservada rodeada por sete cachoeiras. Apesar das formas rebuscadas, a casa não passou por nenhuma prancheta. O resultado é esta construção que concedeu três prêmios e 8 páginas na Architectura USA para Gerson Castelo Branco. A construção começou a partir do telhado com toras de Carnaúba, talos de babaçu, madeira, pedra e vidro.
A partir de 1978, seus projetos foram descobertos e publicados pela primeira vez em uma publicação dirigida por Olga Krell e seu olhar especial para o talento. Foi o primeiro reconhecimento dos muitos que vieram a seguir. Prêmios nacionais e internacionais e matérias na revista norte-americana Architectural Digest (revista que comparou suas criações às de Frank Lloyd Wright) são alguns dos pontos altos do trabalho de Gerson.
Raízes nordestinas, preocupada com a melhor implantação do projeto no local.
Mesmo autodidata, além de aumentar os projetos, seu conhecimento e originalidade o levaram a ser chamado para palestras e eventos de arquitetura justamente por ser precursor desse apelo sustentável. Na Costa Rica, foi convidado especial de um encontro mundial de arquitetura verde. Fotografados, outros projetos foram publicados na Rússia, Austrália, Alemanha, França, Itália e até no longínquo Vietnã. “Já fazia pela própria vivência e necessidade… Tudo era improvisado”. Mas suas linhas não são exatamente para locais longe da metrópole. Ele assina projetos urbanos inconfundíveis, para onde leva suas propostas devidamente adaptadas à urbe.
No litoral norte de São Paulo, a casa projetada por Gerson Castelo Branco preserva a mata e se integra ao meio ambiente graças aos pilares de eucalipto autoclavado com 15 metros de altura.
Fonte do texto: 100porcentodesigner e Portal decoração
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