A ciência do envelhecimento
tem avançado rapidamente e feito importantes descobertas sobretudo na
área das doenças neurodegenerativas. Hoje já entendemos melhor os
mecanismos por trás de problemas como Parkinson e Alzheimer, o que
facilita a busca por compostos farmacológicos úteis à prevenção e ao
tratamento. Nesse contexto, o gengibre, uma raiz
utilizada há séculos pela medicina tradicional oriental, vem atraindo a
atenção de pesquisadores e especialistas por apresentar potencial
terapêutico frente a doenças neurológicas associadas ao avançar da
idade.
Em uma revisão de estudos publicada em 2018 no periódico Pharmacology and Therapeutics,
os cientistas destacam propriedades do gengibre capazes de combater
males como o Parkinson e Alzheimer, bem como a perspectiva de o alimento
melhorar a memória e reduzir a severidade dos danos causados por um
acidente vascular cerebral (AVC).
De onde vem o efeito?
Antes de visualizar de que modo o gengibre
pode repercutir no cérebro, precisamos entender os fenômenos que dão
origem às doenças neurodegenerativas. O Alzheimer
é caracterizado pela formação de placas beta-amiloide, que destroem
progressivamente os neurônios, e pela redução do neurotransmissor
acetilcolina. O nome é complicado, mas basta dizer que
neurotransmissores são substâncias responsáveis pelo transporte de
informação em nosso cérebro. A acetilcolina está particularmente
relacionada ao aprendizado e à memória.
Pois experimentos de laboratório, em células e animais, demonstram que o extrato de gengibre
diminui o acúmulo das tais placas beta-amiloide e minimizam a atividade
de uma enzima que degrada a acetilcolina. O resultado: melhora nas
funções cognitivas e redução da perda de células nervosas.
Na doença de Parkinson,
por sua vez, há uma degradação dos neurônios que liberam outro
neurotransmissor, a dopamina. Ela está diretamente envolvida com as
funções motoras: sua insuficiência pode levar, portanto, a tremores,
dificuldades ao caminhar etc. Estudos em modelo animal apontam que o
gengibre também atua na redução da destruição desses neurônios,
preservando e otimizando a capacidade motora das cobaias com Parkinson.
No caso do AVC isquêmico, o problema ocorre
com a obstrução de uma artéria no cérebro que interrompe o fornecimento
de sangue para um grupo de neurônios. Isso desencadeia danos oxidativos
nesse órgão e a morte de células. Nos experimentos, o tratamento com
extrato de gengibre combate o estresse oxidativo e diminui os danos aos
neurônios. Na prática, isso atenua déficits físicos e comportamentais
originários do AVC.
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