segunda-feira, 27 de março de 2017

Lollapalooza 2017: festival teve bom som e algum transtorno

SÃO PAULO - Lolla pra muito. Muitos artistas, muita gente, muitos quilômetros percorridos, dentro e fora do festival. Shows muito intensos, alguns muito chatos. Alguns artistas muito pouco conhecidos, que assim chegaram e assim sairão de São Paulo. Em sua sexta edição brasileira, o festival outrora indie confirmou que o público não tem medo de roubada: cerca de 190 mil pessoas - segundo a produção, recorde absoluto de todas as seis edições - se despencaram até o longínquo (e, pior do que isso, contramão) Autódromo de Interlagos para curtir Metallica, The Weeknd, Duran Duran, Rancid e outros, em dois dias e quatro palcos

O sábado foi marcado, além do público gigantesco de 100 mil pessoas, por problemas logísticos: dificuldades na entrada, banheiros precários, longas filas nos bares para pegar bebidas... Para resolver o problema, a organização implantou barraquinhas espalhadas num enorme espaço no segundo dia.
Apesar do perrengue no sábado, tudo valeu a pena, devido principalmente aos shows de Metallica, The xx e Rancid. Os titãs americanos do metal privilegiaram o repertório de seu mais novo álbum, “Hardwire... to self-destruct”, do ano passado, e não decepcionaram o público do primeiro dia, que, em sua grande maioria, estava lá para vê-lo.
Apesar do rolo compressor do metal, durante o show ainda sobrou algum público para a dance music adrenalizada e pouco exigente do duo The Chainsmokers, que trouxe para outro palco um som sem personalidade, mas adequado à balada de sábado. Dançante também foi o show do xx, um expoente do rock melancólico que voltou ao Brasil transformado para o Lollapalooza. O trio centrou o seu show no repertório de “I see you”, seu terceiro álbum, que lançou em janeiro



O momento de maior emoção do sábado talvez tenha vindo de quatro punks veteranos da Califórnia. O Rancid, que em 26 anos de carreira nunca tinha se apresentado no Brasil, também proporcionou um dos grandes momentos da primeira noite de Lollapalooza, com seu punk tingido de ska e tocado com muita garra. Liderado pelos guitarristas-vocalistas Tim Armstrong e Lars Frederiksen (o canhoto de longa barba), o Rancid adiantou uma música do novo disco, “Salvation”, e brindou o público com hits em alta voltagem, como “Roots radicals”, “Time bomb” e “Ruby Soho”.

Sem a presença de nomes de tanto peso no elenco, o domingo foi mais tranquilo, inclusive na chegada e na circulação em Interlagos (que ainda pode ser muito mais bem resolvida, já que, em vários momentos, as distâncias que o público deve percorrer entre os palcos incluem desvios desnecessários de rota). As pulseiras de controle de entrada e de consumo dentro do ambiente do festival, que geraram muita dor de cabeça para alguns presentes no primeiro dia, não chegaram a funcionar às mil maravilhas no domingo. Havia problemas no carregamento de crédito para consumo e filas grandes para resolver os problemas.
A cantora Céu, que mais tarde voltaria como convidada do Duran Duran, abriu a tarde do palco principal para um público ainda pequeno mas animado. Aliás, os artistas nacionais (como o BaianaSystem no dia anterior) não gozaram de muito prestígio, tocando sempre cedo e muitas vezes antes de estrangeiros menos conhecidos do que eles. A tarde estava mais para passeio no parque no domingão, com pouca gente dando atenção a bandas como Jimmy Eat World e Catfish and the Bottlemen, até o Duran Duran reunir a primeira multidão de dar gosto do dia.



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Fonte: O GLOBO/Edição de Wagner Roberto

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